SEXTA-FEIRA SANTA

Olhar para Jesus em sua agonia ajuda a não cair na desesperança, diz frei

Frei Marcelo Borges, OFMConv., reflete sobre sofrimento de Cristo em sua Paixão e frisa que Deus sempre está presente nos desafios enfrentados pelos homens

Gabriel Fontana
Da Redação

Foto: Arquivo Canção Nova

Silêncio e dor. A liturgia da Sexta-feira da Paixão é marcada pelo luto pela morte de Jesus, recordando o sofrimento vivido por Cristo desde a agonia no Horto das Oliveiras até sua crucificação.

Este é o único dia do ano em que não se celebra a Missa. Sem seu Esposo, a Igreja vive a perplexidade dos apóstolos, atônitos diante da morte do Messias e com uma sensação de incerteza em relação ao futuro.

Na quinta matéria da série do noticias.cancaonova.com sobre a Semana Santa, o secretário provincial da Província São Maximiliano Maria Kolbe, frei Marcelo Borges, OFMConv., reflete sobre a agonia e o sofrimento de Cristo.

O franciscano destaca as duas naturezas de Jesus, que é verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus. “Ele se encarnou em cada situação humana com toda a sua inteireza, desde as mais simples às mais exigentes”, afirma.

Sofrimento

Frei Marcelo Borges, OFMConv. / Foto: Arquivo pessoal

Frei Marcelo observa que a dor e o sofrimento provocam reações intensas nos seres humanos, turvando a visão diante da realidade. “Não poder controlar aquilo que desconhecemos nos coloca em uma posição de fragilidade. Somos acostumados a fugir de situações assim, fechados como somos em nossa ânsia de possuir o controle de tudo”, explica.

No Horto das Oliveiras, porém, Jesus ensina a como lidar com estas situações. Assim como em outros momentos, Ele se retira para orar, colocando-se na presença de Deus. “Na oração e na comunhão com o Pai, abre-se o horizonte da esperança”, indica o franciscano, assinalando ainda que “a oração abre os nossos olhos para a presença de Deus”.

Da mesma forma, Jesus, ressuscitado e vivo, também acompanha os homens, cumprindo sua promessa – “eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,20). “Jamais estamos sós”, salienta o frade, “ainda que as escamas em nossos olhos nos impeçam de reconhecer a Sua presença. Escondido ou não, Jesus está sempre em nossos caminhos, inclusive (e sobretudo) naqueles que supomos estarmos sozinhos e desamparados”.

Esperança

No Tríduo Santo, vivemos a experiência de que, na dor, no sofrimento e na morte, Jesus também está. E essa presença nos dá vida, esperança! Deus é Deus-Conosco sempre.
– Frei Marcelo Borges

Contemplar o sofrimento de Jesus ajuda a chegar a essa compreensão. “Ao percebermos que Jesus tomou consigo todas as situações da vida humana, inclusive as mais severas e dramáticas, e sofreu conosco, chorou, passou por tribulações e dores, entendemos que não há dor em que Deus não esteja conosco”, declara o religioso.

“Sem a luz da fé, o sofrimento será um pesado fardo em nossas vidas”, prossegue o frade. “O Evangelho nos mostra, ao contrário, que o mal não tem a última palavra. É esta vitória que celebramos no Tríduo Santo: o véu que nos separava da comunhão com Deus foi rasgado pelo sacrifício de Jesus; em sua cruz, morte e ressurreição, Ele nos reconquistou a verdadeira Vida, a comunhão e a harmonia com Deus”.

Frei Marcelo ressalta ainda que, “por mais cruéis e desafiantes que sejam os nossos sofrimentos, podemos encontrar a luz do Evangelho (…) para nos mostrar que o maior dos dramas é a nossa separação de Deus, é o pecado e a morte eterna”. Assim, “para que a agonia e a solidão não nos levem à desesperança, olhemos para Jesus em sua agonia e solidão”, conclui.

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