QUARESMA

Penitência abre o espírito à vontade de Deus, afirma missionário

Padre Marcio Prado comenta sentido da realização de mortificação pelos católicos durante período da Quaresma e recorda tempo de preparação para a Páscoa

Gabriel Fontana
Da Redação

Foto: Reprodução TV Canção Nova

Na Quarta-feira de Cinzas, 5, começou a Quaresma, tempo litúrgico em que a Igreja convida os fiéis à contrição dos pecados e à conversão em preparação para a Páscoa. Para isso, são propostas algumas práticas espirituais durante este período, expressas por meio de jejum, esmola e oração.

A primeira delas traduz-se especialmente por meio de penitências, ou seja, atitudes que visam a combater as próprias vontades. Durante a Quaresma, fiéis adotam diversas atitudes, desde cortar alguns tipos de alimentos e bebidas até tomar banho apenas com água fria e dormir sem travesseiro, oferecendo esses sacrifícios a Deus.

Padre Marcio Prado / Foto: Canção Nova

Segundo o missionário da Comunidade Canção Nova, padre Marcio Prado, existem relatos bíblicos ainda no Antigo Testamento de homens que fizeram penitência para reparar um pecado ou mal cometido por eles mesmos ou pelo povo, como Moisés e o rei Davi. Da mesma forma, Jesus exortou o povo à penitência e à conversão ao anunciar o Reino de Deus, no início de seu ministério.

“A motivação da penitência é nos prepararmos para o Reino de Deus e para nos encontrarmos com Ele. É preciso ter o coração e a mente purificados e, por isso, há a necessidade da penitência, que é uma prática usual do judaísmo e que também nós, como cristãos, herdamos”, explica o sacerdote.

Comunhão com Deus

Diante disso, todos os anos a Igreja propõe o tempo quaresmal a fim de levar o povo a se voltar para Deus e fugir das “luzes deste mundo” em um gesto de recolhimento. “São 40 dias de penitência, oração e comunhão com Deus para poder se purificar e se preparar para a grande festa da Igreja que é a Páscoa de Senhor”, resume padre Marcio.

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O sacerdote destaca que, conforme ensinado por Jesus (Mt 6,1-6.16-18), as penitências devem ser realizadas em segredo, ou seja, sem o objetivo de se autopromover. Além disso, o sacerdote comenta que, mais do que tirar algum alimento do qual se gosta, é importante também acrescentar: “acrescentar a oração, a caridade, uma leitura espiritual, a visita a alguém que está precisando, a uma creche, a um lar de idosos, a um hospital”.

Buscar a presença do Senhor

Tarciso Américo / Foto: Arquivo pessoal

O missionário Tarciso Américo partilha que começou a fazer penitências em 2021, durante seu processo de conversão. À época, ele firmou seu primeiro compromisso com a obra Jovens Sarados e, assumindo o estilo de vida proposto, passou a realizar algumas mortificações propostas.

Entre elas estão a abstinência de carne, doces e refrigerantes e dormir no chão às sextas-feiras. Tarcisio comenta que esses esforços, em sua visão, estão relacionados à espera pela segunda vinda de Jesus. “Como posso não me penitenciar sem meu amigo, meu Salvador e mestre do meu lado”, reflete, fazendo alusão ao trecho bíblico de Mateus 9,15:

Jesus respondeu: “Podem os amigos do esposo ‘estar tristes’, enquanto o esposo está com eles? Dias virão em que lhes será tirado o esposo. Então eles jejuarão”.

“Do que adiantará eu gritar ‘Maranathá, vem Senhor Jesus’ se não houver penitência e jejum e toda a minha carne estiver aprisionada no comodismo deste mundo?”, questiona o missionário. Diante disso, ele frisa que “a penitência é a chave que abre o nosso espírito à vontade e aos desejos de Deus”.

“A penitência não foi feita para nos fazer mal, mas para aumentar mais o desejo de buscar, sentir, amar e desejar mais a presença de nosso Senhor”, conclui Tarciso.

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