Audiência no Vaticano

Papa encoraja instituto teológico na Sicília: levem esperança

Francisco recebeu cerca de 200 pessoas do instituto que tem 55 anos de fundação; numa terra ameaçada por máfia e corrupção, o convite à esperança

Da Redação, com Vatican News

Foto: REUTERS/ Ciro de Luca

Em uma terra ameaçada pela especulação da máfia e pela corrupção, o convite do Papa Francisco a propagar esperança, sem queixas nem resignação. O Pontífice recebeu em audiência, nesta sexta-feira, 6, cerca de 200 pessoas do Studio Teologico San Paolo, da cidade italiana de Catânia, na região da Sicília. O grupo é formado por professores, alunos e funcionários do instituto com 55 anos de fundação.

Francisco encorajou o trabalho do instituto, considerado uma das primícias do Concílio Vaticano II. O órgão está vinculado à Faculdade Teológica de Palermo e mantém relações com a Universidade de Catânia, instituição cultural mais antiga da Sicília. O trabalho nessa dimensão sinodal, observou o Papa, ajuda a criar “laboratórios de comunhão e de missão, animados pela reflexão teológica”.

O Pontífice também citou a experiência de eclesialidade que acontece dentro do instituto, com diversidade de vocações e dons. Neste contexto, abordou o papel da mulher numa Sicília que “é pátria” de santas mártires. Ele observou que, ao longo dos anos, houve um aumento no número das estudantes no instituto, o que também é um sinal dos tempos, em um território onde a mulher tem sido frequentemente desvalorizada em seu papel social.

“Mas não esqueçamos que a Sicília é a pátria das santas mártires Agata e Lúcia, que foram a ‘semente’ de uma fé robusta, capaz de se renovar e de gerar sempre novas testemunhas, como, em nosso tempo, os beatos Giuseppe Puglisi e Rosario Livatino.”

Olhar para o futuro com esperança

O Santo Padre recordou a ameaça da máfia e da corrupção na região, que acabam impedindo o desenvolvimento e causando a emigração, em especial, dos jovens. “A máfia sempre empobrece. Sempre”, observou.

No entanto, acrescentou, é preciso formar as novas gerações para que “sejam livres e transparentes no cuidado com o bem comum, para erradicar antigas e novas pobrezas”. Um desafio importante para o instituto de Catânia que deve estar “a serviço das pessoas, dos pobres e dos últimos”.

“Na terra de vocês, que sempre foi uma encruzilhada de povos, onde muitos migrantes desembarcam e muitos permanecem e se integram: eu os exorto a serem acolhedores, a serem criativos na fraternidade. E esse compromisso será mais frutífero se vocês souberem dialogar com as culturas e as religiões dos outros povos do Mediterrâneo, que olham para o futuro com esperança. Por favor, não apaguemos a esperança dos pobres, daqueles pobres que são os migrantes! E sejam acolhedores com os migrantes. Integrem os migrantes. Para vocês, também o desafio dos migrantes muçulmanos: de como integrar e ajudá-los a entrar nas dioceses”.

Mais esperança

O Papa pontuou ainda aos presentes que a Igreja recorda, neste dia 6 de dezembro, São Nicolau, “um santo que une o Oriente e o Ocidente, um pastor da Igreja que nos recorda o Concílio de Niceia”, Trata-se de um convite a “prosseguir no caminho da unidade visível” (Bula Spes non confundit, 17). Assim, a exortação de Francisco é pela comunhão das comunidades eclesiais e por uma formação e serviço destinada à cultura do povo siciliano, “resignado à dor e à pobreza”.

“No diálogo com essa cultura, que se expressa em tantas formas de viver e de pensar, saibam levar esperança e compromisso, saibam ‘abundar em esperança’. Não abundem jamais nas queixas, na resignação, não… A queixa é coisa de gente que não tem coragem. Não! Sigam em frente com a esperança e sejam missionários da esperança. Sigam em frente! Coragem!”

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