Aos participantes da sessão plenária da Comissão Teológica Internacional, Francisco indica também o desenvolvimento de uma teologia da sinodalidade
Da redação, com Boletim da Santa Sé
O Papa Francisco recebeu, nesta quinta-feira, 28, no Vaticano, os participantes da sessão plenária da Comissão Teológica Internacional. Na oportunidade, ele recordou a proximidade da abertura da Porta Santa do Jubileu – que será no dia 24 de dezembro, e a conclusão, em outubro passado, da 16ª Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos.
A partir desses dois acontecimentos, o Santo Padre fez duas reflexões: a primeira sobre voltar a colocar Cristo no centro, e a segunda sobre desenvolver uma teologia da sinodalidade.
Voltar a colocar Cristo no centro
O Jubileu, recorda o Pontífice, convida os católicos a redescobrirem a face de Cristo e a reorientarem-se para Ele. Francisco lembra que, durante este Ano Santo, a Igreja também vai celebrar o aniversário de 1700 anos do primeiro grande Concílio Ecuménico realizado em Niceia. “Tenho desejo de ir até lá”, voltou a declarar o Papa, que já havia revelado essa intenção em junho deste ano.
“Este Concílio constitui um marco no caminho da Igreja e também de toda a humanidade, já que a fé em Jesus, Filho de Deus que se fez carne por nós e para nossa salvação, foi formulada e professada como uma luz que ilumina o sentido da realidade e o destino de toda a história”, reflete.
Segundo o Papa, foi desse modo que a Igreja respondeu o convite do apóstolo Pedro: “no íntimo do vosso coração, confessai Cristo como Senhor, sempre dispostos a dar a razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la peça (1 Pe 3, 15)”.
Esta exortação, prossegue o Santo Padre, se dirige a todos os cristãos e pode aplicar-se de modo especial ao ministério que os teólogos são chamados a desempenhar como serviço ao Povo de Deus: favorecer o encontro com Cristo, aprofundar o significado do seu mistério, para melhor compreender a capacidade de conhecer o amor de Cristo, que ultrapassa todo o conhecimento.
Fraternidade enraizada em Cristo
“O Concílio de Niceia, ao afirmar que o Filho é da mesma substância que o Pai, põe em evidência algo essencial: em Jesus, podemos conhecer o rosto de Deus e, ao mesmo tempo, também o rosto do homem, descobrindo-nos filhos no Filho e irmãos um dos outros. Essa fraternidade enraizada em Cristo se torna para nós um dever ético fundamental”, indica o Papa.
O Pontífice destaca a importância de os teólogos terem dedicado uma grande parte desta Assembleia Plenária trabalhando em um documento que busque ilustrar o significado atual da fé professada em Niceia. Ele pontua que este documento poderá ser precioso no decurso do ano jubilar, podendo alimentar e aprofundar a fé dos fiéis.
Hoje, em um mundo complexo e muitas vezes polarizado, tragicamente marcado por conflitos e violências, Francisco ressalta que o amor de Deus que se revela em Cristo e que é dado aos homens no Espírito, torna-se um apelo dirigido a todos, para que aprendam a caminhar na fraternidade e a serem promotores de justiça e de paz. “Só assim poderemos lançar sementes de esperança onde quer que vivamos”, indica.
Deste modo, voltar a colocar Cristo no centro, comenta o Santo Padre, significa reavivar esta esperança. “A Teologia é chamada a fazê-lo, num trabalho constante e sapiencial, em diálogo com todos os outros saberes”.
Desenvolver uma teologia da sinodalidade
A Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos dedicou um ponto do Documento Final à tarefa da Teologia, no contexto dos “carismas, vocações e ministérios para a missão”: “A Assembleia convida as instituições teológicas a prosseguir a investigação com o objetivo de clarificar e aprofundar o significado da sinodalidade” (n. 67).
“Isto foi algo visionário de São Paulo VI ao final do Concílio, quando criou a Secretaria do Sínodo dos Bispos. Nestes quase 60 anos, desenvolveu-se paulatinamente esta teologia sinodal, e hoje podemos dizer que está madura. Hoje não se pode pensar a atividade pastoral sem esta dimensão sinodal”, afirma.
Por isso, juntamente com a centralidade de Cristo, o Pontífice convida os teólogos a terem presente também a dimensão eclesiológica, para melhor desenvolver o objetivo missionário da sinodalidade e a participação de todo o Povo de Deus na sua variedade de culturas e tradições.
Francisco frisa que chegou o momento de dar um passo corajoso: desenvolver uma teologia da sinodalidade, uma reflexão teológica que ajude, encoraje e acompanhe o processo sinodal, para uma nova etapa missionária, mais criativa e ousada, inspirada no querigma e que tenha a participação de todos os membros da Igreja.