Ao receber jornalistas católicos, Papa reitera que comunicar é formar a sociedade e destaca três caminhos a serem seguidos
Da redação, com Vatican News
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Papa Francisco /Foto: REUTERS – Yara Nardi
“Comunicar é formar o homem. Comunicar é formar a sociedade. Não abandonem o caminho da formação: ele os levará longe”. Foi o que disse o Papa Francisco nesta quinta-feira, 23, ao receber as delegações da Federação Italiana de Semanários Católicos, da União Italiana de Imprensa Periódica e das Associações “Corallo” e “Aiart – Cittadini mediali.
Na audiência, o Papa destacou três caminhos que os profissionais da comunicação devem seguir para renovar seu compromisso com a promoção da dignidade humana, com a justiça e a verdade: “formação, proteção e testemunho”. Caminhos que também servem como respostas “às terríveis notícias de violência contra as mulheres”, enfatizou.
Francisco explicou que o radicamento capilar de tais realidades midiáticas representa a “geografia humana que anima o território italiano”. E acrescentou:
“A comunicação é precisamente colocar em comum, tecer fios de comunhão, criar pontes sem levantar muros. Daí, a importância de seguir três caminhos. O primeiro é o da formação, uma questão vital, com a qual se entende o modo de conectar as gerações, de promover o diálogo entre jovens e idosos, aquela aliança intergeracional que, hoje mais do que nunca, é fundamental.”
O Papa disse ainda que “prudência e simplicidade” são dois ingredientes educacionais básicos para “navegar” na complexidade atual, especialmente na internet, onde é necessário não ser ingênuo e, ao mesmo tempo, não ceder à tentação de semear a raiva e o ódio.
“A prudência, vivida com simplicidade de espírito, é aquela virtude que ajuda a enxergar longe, que nos leva a agir com ‘previsão’, com perspicácia. E não há cursos para ter prudência, não se estuda para ter prudência. A prudência é praticada, é vivida, é uma atitude que nasce do coração e da mente e depois é desenvolvida. A prudência, vivida com simplicidade de espírito, sempre nos ajuda a ter visão”, explicou.
Formar mentes e corações
O Pontífice destacou que os semanários católicos dão testemunho disso sem se limitarem a dar “apenas as notícias do momento, que são facilmente consumidas”, mas transmitindo “uma visão humana e uma visão cristã destinada a formar mentes e corações, para que não se deixem deformar por palavras gritadas ou por crônicas que, passando com curiosidade mórbida do preto ao rosa, negligenciam a limpidez do branco”.
O convite de Francisco é para promover uma “ecologia da comunicação” que vá além dos furos de reportagem e das notícias para lembrar que sempre há “sentimentos, histórias, pessoas de carne e osso que devem ser respeitadas como se fossem seus próprios parentes”.
O Papa lembrou ainda dos últimos relatos de violência contra as mulheres, e afirmou “ser urgente educar para o respeito e o cuidado”: formar homens capazes de relacionamentos saudáveis. “Comunicar-se é formar o homem. Comunicar-se é formar a sociedade. Não abandonem o caminho da formação: ele os levará longe!”
Proteção da dignidade das pessoas
Francisco sublinhou que, depois da formação, há o caminho da proteção, ou seja, a necessidade de “promover instrumentos que protejam todos”, sobretudo os grupos mais fracos, os menores, os idosos e as pessoas com deficiências, e os “protejam da intromissão do digital e das seduções da comunicação provocativa e polêmica”. Segundo ele, a realidade da mídia católica pode “fazer crescer uma cidadania midiática protegida, pode apoiar as guarnições da liberdade informativa e promover a consciência cívica, de modo que os direitos e os deveres sejam reconhecidos também nesse campo”.
“É uma questão de democracia comunicativa. E isso, por favor, façam sem medo, como Davi contra Golias: com um pequeno estilingue ele derrubou o gigante. Não joguem apenas na defensiva, mas, permanecendo “pequenos por dentro”, pensem grande, porque vocês são chamados para uma grande tarefa: proteger, por meio de palavras e imagens, a dignidade das pessoas, especialmente a dignidade dos pequenos e dos pobres, os preferidos de Deus”, afirmou.
O testemunho é profético
Por fim, o Papa explicou que há o caminho do testemunho, citando o exemplo do beato Carlo Acutis, um jovem que “não caiu em uma armadilha, mas se tornou uma testemunha da comunicação”.
“O testemunho é profecia, é criatividade, que libera e impulsiona a pessoa a arregaçar as mangas, a sair de sua zona de conforto para assumir riscos. Sim, a fidelidade ao Evangelho postula a capacidade de arriscar pelo bem. E ir contra a maré: falar de fraternidade em um mundo individualista; de paz em um mundo em guerra; de atenção aos pobres em um mundo intolerante e indiferente. Mas isso só pode ser feito com credibilidade se primeiro dermos testemunho do que estamos falando”, concluiu.