Papa enviou mensagem ao Congresso Mundial de Educação Católica que acontece em Marselha, na França; Papa deu ênfase ao diálogo e à não exclusão
Da Redação, com Boletim da Santa Sé
A Sala de Imprensa da Santa Sé publicou, nesta quinta-feira, 1º, a mensagem enviada pelo Papa Francisco ao Congresso Mundial de Educação Católica. O evento teve início hoje em Marselha, na França, e termina em 3 de dezembro.
Aos participantes provenientes de diversas partes do mundo, o Pontífice pediu para se dar voz à palavra de Cristo “que não é nossa”, “que nos transcende”. “Para criar uma identidade escolar que entre em comunhão e consegue estar em movimento com o fim maior de se construir pontes de diálogo para não excluir ninguém.”
Na mensagem, que foi originalmente escrita em espanhol e lida no Congresso, Francisco recordou que, para a sociedade, a educação é certamente um dever incontornável e, em muitos casos, um desafio premente. Para o cristão é também uma forma de participação na função profética que Jesus deixou à sua Igreja.
“Portanto, quando abordamos a educação, não podemos fazê-lo pensando em algo meramente humano, centrando a questão nos programas, na formação, nos recursos, nas áreas de acolhimento, pois a vocação cristã nos pede para dar voz a uma Palavra que não é nossa, que nos supera, nos transcende.”
Se reconhecer como ser capaz de amar e ser amado
O Papa explica que, logicamente, o ensino da escola católica não se limita a questões confessionais e os conteúdos estão abertos a todos os ramos do conhecimento e a quem procura esta instrução.
“Mas da mesma forma que dizemos que a atividade da escola não pode ser reduzida a ensinar disciplinas, mas formar pessoas em sua integridade, quando se fala da escola católica é igualmente essencial esta componente profética, que não só confere ao homem a capacidade de adquirir conhecimento, mas também de se conhecer e de se reconhecer como ser capaz de amar e ser amado.”
O Papa afirma que, com isso, não se está falando de proselitismo e muito menos de excluir das escolas aqueles que não “pensam como nós”: “O que quero dizer é que a escola como um todo se configura como uma lição de vida em que se integram diferentes elementos, em estreita colaboração com outras instâncias, como a família ou a sociedade”.
A “comunhão” dentro da sala de aula
Desta forma, o Papa explica que, no cotidiano, no imperceptível, no vivido, a identidade das escolas poderá se fazer presente e dialogar, ser uma palavra que pode, ao mesmo tempo, ser desafiadora para as pessoas de fé e construir pontes de diálogo com os não crentes.
“A grande questão é: como garantir que a escola católica seja realmente aquilo que o Senhor lhe pede? Parece-me que a resposta está no próprio Jesus”, respondeu o Papa. “Vejamos como Ele foi enviado e como Ele envia seus discípulos; como Ele ensinou e como Ele pede que eles ensinem. A primeira coisa que vemos é que seu envio é um ato de amor e obediência.”
O Papa recorda que, desta forma, Jesus envia os seus discípulos como membros do seu corpo, para que, segundo a sua própria vocação, transmitam a mensagem que Ele quer transmitir, onde quer que Ele vá. Nasce, assim, a característica da “comunhão” a ser seguida em aulas que não devem ser “mônadas, nossas escolas não são compartimentos estanques”.
“Cada um de nós e nossas atividades estão em comunhão com Deus que nos envia, com a Igreja universal e local, em um projeto comum que nos supera e transcende, a serviço da humanidade. Esta lição, mesmo para quem não é cristão, trará a certeza de que não caminhamos sozinhos, porque vivemos em família, em sociedade, somos corresponsáveis, trabalhamos juntos para o bem comum, apesar das nossas diferenças.”
A segunda característica é que se está a caminho, em movimento. Jesus caminha sempre, e exorta os seus discípulos a fazerem o mesmo, até os manda ir à sua frente. “Ele os pede para se encontrarem, para chegarem aos confins da terra. Deste modo, a escola católica nas suas iniciativas deve acolher os problemas sociais, local e universalmente, deve aprender e, nesta aprendizagem, ensinar a abrir a mente a novas situações e a novos conceitos, a caminhar juntos sem excluir ninguém”.
Para o Papa, a escola católica deve também ensinar a estabelecer pontos de encontro e adaptar a linguagem para que seja capaz de captar a atenção dos mais distantes.
“Certamente, você me dirá que isso é necessário para dar aos nossos alunos a melhor formação possível, mas também é necessário torná-los homens e mulheres que não se contentam apenas em acumular conhecimento, mas sim para que esta doutrina lhes permita adquirir a sabedoria de que falava São Bento, que os faz crescer e faz crescer os outros, onde quer que o Senhor os envie.”
Para Francisco, tudo isto supõe um trabalho artesanal que não pode ser realizado sem a ajuda de Deus e sem o apoio de todos, por isso é preciso pedir a força do Espírito do Ressuscitado, dispensador de todos os dons. “Que Ele ilumine o seu trabalho e lhe conceda aquela ciência que sai das realidades humanas para alcançar o sublime conhecimento de Deus”, concluiu o Pontífice.