Evento acontece na modalidade híbrida de 19 a 21 de agosto, com o tema: “Pastoral da Educação: centralidade, identidades e missão”
Huanna Cruz
Da Redação
O 21º Encontro Nacional da Pastoral da Educação, o ENAPE, acontece na modalidade híbrida de 19 a 21 de agosto. Participam presencialmente do evento 120 educadores representantes dos regionais da CNBB e mais de mil inscritos no formato virtual. O tema desta edição é “Pastoral da Educação: centralidade, identidades e missão”.
Segundo o assessor do Setor Educação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Júlio César Evangelista Resende, a iniciativa deseja refletir, partilhar e traçar caminhos para fortalecer a presença evangelizadora nos múltiplos espaços educativos do Brasil. Além disso, em um cenário de rápidas mudanças socioculturais todos são convocados a pensar qual a missão, a centralidade e as identidades da Pastoral da Educação de maneira que esta seja, de forma efetiva, uma presença qualificada da Igreja nos ambientes educativos.
Padre Júlio ressalta que é preciso reconhecer a pluralidade de ações empreendidas pela Igreja no campo educativo. “A Pastoral da Educação atua de forma diversa em muitas frentes em cada região do país buscando ser presença evangelizadora juntos aos educadores e escolas”.
Programação
A programação do encontro pode ser acompanhada, ao vivo, a partir das 20h de hoje. A abertura será realizada pelo arcebispo de Goiânia e presidente da Comissão para Cultura e Educação da CNBB, Dom João Justino de Medeiros Silva. O painel de abertura tem a temática “Escuta da realidade educativa e eclesial” e tem como objetivo oferecer um breve panorama sobre a realidade atual da educação e ação pastoral no campo educativo como instrumento de contextualização para os educadores presentes no encontro.
Na manhã do sábado, dia 20 de agosto, será realizado o mosaico “rostos e vozes da Pastoral da Educação” como expressão da pluralidade de formatos na ação evangelizadora no contexto educativo. Cada apresentador, como uma peça desse mosaico, relatará sua experiência pastoral indicando aspectos práticos e de organização do seu respectivo tema de maneira a ajudar os participantes a entender a respectiva ação pastoral.
Na tarde de sábado, acontecerá a visita dos educadores à Basílica do Divino Pai Eterno em Trindade, Goiás, com missa às 17h30 presidida por Dom João Justino.
Na manhã de domingo, serão oferecidas três oficinas com o objetivo de despertar a sensibilidade dos agentes de pastoral para temas centrais na missão assim como inspirar iniciativas.
O encerramento do encontro será com o painel “Desafios educativos e pastorais”. Este painel tem como objetivo lançar um olhar para o futuro e provocar os educadores e agentes de pastoral a refletir alguns desafios já presentes no cotidiano das escolas. Cada apresentador é convidado a descrever o respectivo tema na atualidade, indicar de que forma tal tema desafia a prática educativa assim como na ação pastoral. Seria oportuno tecer algumas indicações práticas como resposta ao respectivo desafio.
Escuta das realidades Educativas e Eclesial
O professor do departamento de Educação da PUC Goiás, José Carlos Libâneo, realizará a escuta das realidades Educativas e apresentará uma visão geral sobre a realidade educativa no país com os avanços e os desafios atuais (políticas públicas de estado, contexto sociocultural, pandemia etc.). Indicará e analisará as recentes pesquisas sobre as lacunas de aprendizado na atualidade.
Já o padre Danilo Pinto realizará a escuta da realidade eclesial. Neste contexto, ele apresentará uma visão geral sobre a realidade pastoral/eclesial no país com os avanços e os desafios atuais como apresentadas as últimas análises de conjuntura eclesial. E se concentrará sobre algumas informações no campo da Pastoral da Educação (panorama atual e seus desafios) e apontará as inspirações do Pontificado do Papa Francisco para a missão dos católicos na educação.
Realidades Educativas
Segundo o professor Libâneo, a educação brasileira, há décadas, sofre problemas crônicos que comprometem a qualidade social e pedagógica do ensino, afetando principalmente as camadas pobres da sociedade. Quem acompanha a realidade do ensino brasileiro, seja por meio de pesquisas, das mídias ou pela observação direta do que acontece nas escolas, o que se vê, segundo o professor José Carlos, são crianças e jovens concluindo as várias fases da escolarização sem uma mudança perceptível na qualidade das aprendizagens escolares, na qualidade de sua formação intelectual, afetiva, moral.
“Tenho o entendimento de que a qualidade de ensino se vê na escola, no trabalho dos professores, na aprendizagem e desenvolvimento dos alunos. Portanto, para a contraposição ao quadro caótico da educação brasileira, é indispensável cuidar da escola e dos professores, cuidar da parte pedagógica e didática, voltarmos para o acontece dentro das escolas, proporcionar assistência e apoio efetivo aos professores”, ressalta o professor do departamento de Educação da PUC Goiás.
Educação pós-pandemia
Segundo José Carlos Libâneo, a pós-pandemia realçou dissonâncias em relação a valores de cidadania, solidariedade, desapreço ao outro. Escolas e professores precisam se perguntar se não teriam cometido erros ou omissões em relação à formação moral dos alunos, por exemplo, em lidar concretamente com valores, atitudes de solidariedade e com a vivência coletiva, entre outros.
O professor destaca a necessidade de fortalecer nas escolas a formação social, política e moral dos alunos. “Considero sumamente importante a educação moral ter no currículo momentos de ensinar, refletir e praticar valores e atitudes, modos de agir humanos e civilizados, penso que conceitos morais e modos de agir podem ser aprendidos de forma intencional”, ressalta.
Expectativas das ações empreendidas pela Igreja no campo educativo
Para padre Júlio, a educação sempre foi compreendida como parte integrante da missão da Igreja, não apenas como um trabalho social, mas como componente indispensável do anúncio do Evangelho. Em sua história, a Igreja sempre se fez presente nas universidades e escolas. Basta pensar, por exemplo, em tantas congregações fundadas com a missão educativa.
Hoje, a presença se dá por meio das escolas católicas, pela pastoral das escolas públicas e nas Igrejas. Nesta última, por meio de retiros, encontros de formação e estudos se busca refletir a presença e o papel dos cristãos na promoção de uma educação humanista e voltada ao bem comum e construção da paz.
Atuação da Pastoral da Educação
Segundo padre Júlio, a Pastoral da Educação atua em diversos campos, tanto nas escolas, com os educadores e projetos educativos, quanto nos espaços das comunidades e paróquias. A finalidade é servir e animar os agentes envolvidos nos diversos processos educativos.
Os agentes da Pastoral da Educação são chamados a colocar suas forças para construir e participar da Aldeia Educadora na realidade em que vivem, promovendo o diálogo e a fraternidade nas relações humanas e com a casa comum.
Pacto Educativo Global proposto pelo Papa Francisco
O assessor ressalta ainda que o Pacto Educativo Global proposto pelo Papa Francisco visa à construção de uma educação para formar pessoas para a fraternidade e para a civilização do amor. A proposta é trabalhar por um mundo mais humano e solidário, educando a pessoa ao humanismo solidário, ao diálogo, à paz e à compreensão do outro, respeitando os seus valores, culturas e saberes populares.
O Pacto Educativo apresenta a composição de uma aldeia educadora em que os atores sociais da família, da escola e sociedade construam uma ampla aliança para o bem das gerações futuras e da casa comum. A aldeia educadora possibilita novas relações para o mundo no qual haverá respeito pela diversidade dos povos e pelo bem do ser humano.