Na Festa dos santos Joaquim e Ana, Francisco fez uma homilia perpassada pelo valor das gerações passadas e do compromisso das gerações atuais em dar frutos
Jéssica Marçal
Da Redação
Guardar a história herdada dos antepassados, e construir a história dando frutos. Esses dois aspectos foram os norteadores da homilia do Papa Francisco na missa presidida por ele no estádio Commowealth em Edmonton, no Canadá. A celebração marcou a Festa de São Joaquim e Sant’Ana, avós de Jesus, nesse segundo dia de viagem apostólica.
Acesse
.: Íntegra da homilia do Papa
.: Todas as notícias sobre a viagem do Papa Francisco ao Canadá
“Somos filhos duma história que devemos guardar. Não somos indivíduos isolados, não somos ilhas; ninguém vem ao mundo desligado dos outros”, disse o Papa introduzindo o primeiro aspecto da reflexão. Francisco destacou a importância das raízes, daqueles que nos precederam e transmitiram o tesouro da vida. “Estamos aqui graças aos pais, mas também graças aos avós que nos fizeram experimentar ser bem-vindos no mundo”.
O Pontífice lembrou a riqueza que os avós constituem para a história pessoal de cada um. Em especial, acrescentou, os avós ensinam que o amor nunca é constrição, nunca priva o outro da sua liberdade interior.
“Joaquim e Ana amaram Maria assim; e Maria amou assim Jesus, com um amor que nunca O sufocou nem tolheu, mas encaminhou a fim de abraçar a missão para que veio ao mundo. Procuremos aprender isto seja como indivíduos, seja como Igreja: nunca oprimir a consciência do outro, nunca acorrentar a liberdade de quem está a nossa frente e, sobretudo, nunca faltar ao amor e respeito pelas pessoas que nos precederam e estão confiadas, tesouros preciosos que guardam uma história maior do que eles”.
História a construir
“Além de filhos duma história a guardar, somos artesãos duma história a construir”, pontuou o Papa. Ele explicou que o mistério da vida humana é que todos são filhos de alguém, mas, uma vez adultos, também são chamados a ser geradores, pais, mães e avós de outros.
Os avós e idosos desejaram ver um mundo mais justo, fraterno e solidário e cabe às gerações atuais não decepcioná-los, observou Francisco. “Sustentados por eles, que são as nossas raízes, toca-nos a nós dar fruto. Somos nós os ramos que devem florescer e introduzir sementes novas na história”.
Com base nessa tarefa, Francisco colocou algumas reflexões aos fiéis, convidando-os a pensar em como estão vivendo o presente e construindo o futuro. “Muitas vezes avalia-se a vida com base no dinheiro que se ganha, na carreira que se faz, no sucesso e consideração que se recebem dos outros. Mas estes não são critérios geradores. O problema é: Estou a gerar vida? Estou introduzindo na história um novo e renovado amor que antes não havia? Estou a anunciar o Evangelho onde estou a viver, estou a servir alguém gratuitamente, como fez comigo quem me precedeu? Que faço pela minha Igreja, pela minha cidade e a sociedade?” .
A homilia terminou com o pedido de intercessão dos santos Joaquim e Ana. Francisco rezou para que os santos ajudem os fiéis a guardarem a história que os gerou, mas também construir uma história geradora, um futuro melhor.
“Um futuro onde os idosos não sejam descartados porque «já não são de utilidade»; um futuro que não julgue o valor das pessoas só pelo que produzem; um futuro que não seja indiferente com quem, já em idade avançada, precisa de mais tempo, escuta e solicitude; um futuro onde, para ninguém, se repita a história de violência e marginalização sofrida pelos nossos irmãos e irmãs indígenas. É um futuro possível se, com a ajuda de Deus, não quebrarmos o vínculo com quem nos precedeu e alimentarmos o diálogo com quem virá depois de nós: jovens e idosos, avós e netos, em conjunto. Avancemos juntos, sonhemos juntos”.
Próximos compromissos
Ainda hoje, dando sequência à programação da viagem, Papa Francisco participa da peregrinação ao Lago de Sant’Ana e Liturgia da Palavra. O momento será transmitido pela TV Canção Nova a partir das 19h50, pelo horário de Brasília.