Francisco recebeu, nesta quinta-feira, 9, no Vaticano, o clero da Sicília; Na ocasião, pediu aos sacerdotes que abracem plenamente a vida do povo
Da redação, com Vatican News
Na manhã desta quinta-feira, 9, Papa Francisco recebeu, no Vaticano, os bispos e sacerdotes da Sicília. O Pontífice iniciou seu discurso falando ao clero siciliano que a mudança epocal em que nos encontramos exige escolhas corajosas, embora ponderadas e, sobretudo, iluminadas com o discernimento do Espírito Santo:
“A atitude responsável com a qual vivê-la – disse ainda – como em outras fases históricas, é acolhê-la com consciência e com uma decisão de ocupar-se confiadamente da realidade, ancorando-se na sábia Tradição viva e vivente da Igreja, que permite fazer-se ao largo sem medo”.
Contradições insulares
Segundo o Santo Padre, a Sicília não está fora desta mudança; pelo contrário, como no passado, está no centro dos caminhos históricos traçados pelos povos continentais. O Papa frisou também que a condição de insularidade afeta profundamente a sociedade siciliana, acabando por destacar as contradições que todos carregam dentro de si. “Por isso na Sicília, testemunhamos comportamentos e gestos marcados por grandes virtudes, bem como uma cruel selvageria”, pontuou.
“Não é coincidência que tanto sangue tenha sido derramado pelas mãos dos violentos, mas também pela humilde e heroica resistência dos santos e dos justos, servos da Igreja e do Estado”, recordou Francisco.
O Pontífice comentou que a situação social atual na Sicília está em clara regressão há anos. Um sinal claro disso seria o despovoamento da ilha, devido tanto à queda da taxa de natalidade como à emigração maciça de jovens.
“É necessário compreender como e em qual direção a Sicília está vivendo a mudança de época e que caminhos poderia tomar, a fim de anunciar, nas fraturas e articulações desta mudança, o Evangelho de Cristo”, disse.
Desafios e os sacerdotes
O Papa prosseguiu sublinhando que, diante deste grande desafio, a Igreja também é afetada pela situação geral com seus fardos e mudanças, registrando uma queda nas vocações ao sacerdócio e à vida consagrada, mas, sobretudo, um crescente distanciamento dos jovens.
Porém continuou o Santo Padre, não faltaram, no passado, e ainda não faltam hoje, sacerdotes e fiéis que abracem plenamente o destino do povo siciliano.
Leia também
.: Papa ao clero: servir a Igreja particular com dedicação todos os dias
“Como ignorar o trabalho silencioso, tenaz e amoroso de tantos sacerdotes no meio de pessoas desanimadas ou desempregadas, no meio de crianças ou de idosos cada vez mais solitários? É por isso que, na Sicília, – continuou Francisco – as pessoas ainda olham para os sacerdotes como guias espirituais e morais, pessoas que também podem ajudar a melhorar a vida civil e social da ilha, apoiar a família e ser um ponto de referência para os jovens em crescimento”.
Lançar as redes
Com esta situação, o Pontífice frisou que, diante da consciência das fraquezas, a vontade de Cristo coloca todos no centro deste desafio. “A chave para tudo isso está em seu chamado, no qual podemos nos apoiar para colocar no mar e lançar nossas redes novamente”.
Se ainda prevalece a amargura e a desilusão, alertou Francisco, isso seria “mais uma razão para que nós pastores sejamos chamados a abraçar plenamente a vida deste povo”. “Estar ao lado, estar perto, é o que somos chamados a viver, em nome da fidelidade de Deus”.
“Proximidade, compaixão e ternura: este é o estilo de Deus e é também o estilo do pastor”, afirmou o Papa.
Valores marianos
Depois, o Santo Padre falou sobre a grande devoção mariana da Ilha. “A Sicília, consagrada a Maria Imaculada, para a qual, juntos, bispos e sacerdotes, celebram a Jornada Sacerdotal Mariana. O primeiro valor que se sublinha nesta prática é o da unidade, verdadeiramente crucial diante do individualismo e da fragmentação, se não a divisão que paira sobre todos nós. A unidade, dom do sacrifício pascal de Jesus, é fortalecida com o método da sinodalidade, que vocês adotaram através dos caminhos de formação definidos sobre com o tema ‘Com o passo Sinodal’”.
O outro valor, segundo o Pontífice, é o “de confiar-se a Maria, a mulher de ternura e consolação, de paciência e compaixão”. Francisco destacou que entre o sacerdote e a Mãe celeste, se estabelece dia após dia um diálogo secreto que conforta e acalma toda a ferida.
“Neste simples diálogo, conclui Francisco “feito de olhares e palavras humildes como as do Terço, o sacerdote descobre como a pérola da virgindade de Maria, totalmente dedicada a Deus, faz dela uma terna mãe para todos. Assim também ele, quase sem se dar conta, vê a fecundidade de um celibato, às vezes difícil de suportar, mas precioso e rico na sua transparência”, concluiu.