Sacerdote e professor de História da Igreja explicam o que é a Oitava de Páscoa e o Tempo Pascal
Julia Beck
Da redação
A partir da proclamação da Páscoa neste domingo, 17, a Igreja vive a Oitava de Páscoa. “Significa que a missa do Domingo de Páscoa é estendida durante oito dias como se fosse uma única celebração”, explica o reitor do Seminário Diocesano de Lorena “Maria mãe dos sacerdotes”, padre Anderson Luiz de Sousa.
O sacerdote comenta que estes oito dias de celebração da Páscoa acontecem para destacar a importância dessa data. “A ressurreição é o evento principal da nossa fé. A partir deste evento é que nasceu de fato o cristianismo”, acrescenta.
A Oitava de Páscoa é encerrada no segundo domingo da Páscoa, neste ano, em 24 de abril. O presbítero lembra que, desde 2000, a Igreja vive também neste dia o Domingo da Misericórdia – instituído pelo Papa João Paulo II.
Tempo Pascal
Com a Páscoa, também é iniciado o Tempo Pascal. O professor de História da Igreja e autor de vários livros de formação católica, Felipe Aquino, destaca que este período tem duração de 50 dias.
Ele é iniciado com a celebração da ressurreição e é concluído na ascensão de Jesus aos céus, quando Ele derrama seu Espírito Santo sobre a Igreja – Pentecostes.
Durante a Oitava de Páscoa e o Tempo Pascal, professor Felipe e padre Anderson reafirmam que o foco está na ressurreição de Jesus.
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No Tempo da Pascal, a liturgia destaca os primeiros encontros de Jesus com seus apóstolos. Segundo o sacerdote, a liturgia nesse tempo se volta para a ressurreição.
“A 1° leitura sempre será de Atos dos Apóstolos. Ela evidencia as ações e o caminho de Jesus na Igreja primitiva”, explica o sacerdote.
Nova vida
Padre Anderson cita São Bernardo, que diz que a ressurreição não é voltar à mesma vida, mas uma condição gloriosa, uma condição nova.
“Então, o Tempo Pascal é um período de proclamar com alegria a ressurreição de Jesus e experimentar os frutos deste acontecimento em nossas vidas”, reforça.
A Páscoa, continua o presbítero, é um tempo especial de graça e bênção. “Cristo Ressuscitado venceu definitivamente a morte e o pecado”, ressalta. A partir deste fato, padre Anderson frisa que Jesus se revela ressuscitado aos seus discípulos e mostra as suas chagas. Eis um tempo de alegria. “É tempo de fortalecer a esperança, renovar a fé, experimentar o primeiro dia de uma vida nova”.
Círio Pascal
Um símbolo forte deste tempo é o Círio Pascal. Professor Felipe comenta que a vela – de grande proporção – é colocada no altar e representa o Cristo Ressuscitado.
Padre Anderson lembra que esta grande vela é ascendida ainda na Vigília Pascal, pelo fogo abençoado por um sacerdote ou bispo. “Ele faz memória de Jesus que ilumina as trevas da nossa vida e dissipa todo mal”.
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O Círio Pascal contém o ano que estamos celebrando (2022), as letras Alfa e Ômega do alfabeto grego – Cristo começo e fim da história – cinco cravos fixadas pelo bispo ou presbítero e que significam as cinco chagas de Cristo.
Durante as celebrações dos 50 dias do Tempo Pascal, o Círio é aceso e permanece posicionado no presbitério. No Domingo de Pentecostes, o sacerdote afirma que é feita uma oração para que esta vela seja apagada.
Após este período, o Círio permanece na Igreja e é ascendido sempre que forem ministrados os sacramentos do Batismo e do Crisma.
Como viver este tempo
O primeiro passo para viver bem a Páscoa é reconhecer a ressurreição, aponta padre Anderson. “É tempo de renovar a fé (…) e testemunhar que nós também ressuscitamos”, reforça.
Superar os medos também é uma ação oportuna do Tempo Pascal, comenta o presbítero. Somente assim, acrescenta, é possível permitir que Jesus transforme o desespero em esperança, o medo em fé, o ódio em amor e perdão.
Professor Felipe incentiva os fiéis a viverem este período com muita oração. “Devemos rezar pedindo a Deus todas as graças e bênçãos que precisamos para a Igreja – para que tenha unidade, paz, santidade, zelo apostólico, fidelidade; pelas almas do purgatório; conversão dos pecadores; sufrágio das almas; pelas nossas famílias; pelo Papa – suas intenções, necessidades e saúde; pelos doentes e também pelo fim da Guerra”.