Papa Francisco se encontrou com as autoridades, a sociedade civil e o corpo diplomático na Grécia
Da redação, com Vatican News
História, religião, política, ciência e filosofia: um denso discurso marcou a chegada do Papa Francisco à Grécia. Depois da cerimônia de boas-vindas no Palácio Presidencial de Atenas, com a visita de cortesia ao presidente da República e o encontro com o primeiro-ministro, o Pontífice se dirigiu às Autoridades para manifestar sua alegria de visitar “estes lugares que superabundam de espiritualidade, cultura e civilização”.
“Sem Atenas e sem a Grécia, a Europa e o mundo não seriam o que são”, disse Francisco, citando autores clássicos, como Aristóteles, Sócrates e Homero.
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Rumo ao Alto
Da Grécia, afirmou o Papa, dilataram-se os horizontes da humanidade rumo ao Alto: do Monte Olimpo à Acrópole e ao Monte Athos, partiu o convite ao ser humano de cada tempo a orientar a viagem da vida para Deus. Por ali passaram as vias do Evangelho, que foi escrito em grego, língua imortal usada pela Palavra – pelo Logos – para se expressar.
Do Alto, o homem foi impelido a olhar para o outro, nascendo ali o conceito de democracia, que hoje vive um retrocesso. Enquanto os populismos ganham terreno, Francisco exorta a passar do tomar partido ao participar; do empenho em apoiar apenas a própria parte ao envolvimento ativo em prol da promoção de todos. “Penso no clima, na pandemia, no mercado comum e, sobretudo, nas pobrezas generalizadas.”
Mudanças climáticas: que os compromissos não sejam de fechada
O Papa citou um dos símbolos do país, a oliveira, para falar dos incêndios que devastaram a ilha, consequência das mudanças climáticas. A mesma oliveira representa, todavia, a vontade de resgate, como simbolizava a pomba depois do dilúvio universal, que voltou para Noé trazendo no bico uma folha verde de oliveira. “Neste sentido, espero que os compromissos assumidos na luta contra as alterações climáticas apareçam cada vez mais compartilhados e não sejam de fachada”.
Na Escritura, a oliveira constitui também um convite à solidariedade, especialmente para com aqueles que não pertencem ao próprio povo. A este ponto, o Pontífice renovou seu apelo em favor dos migrantes, “protagonistas duma terrível odisseia moderna”.
“Transformemos em ousada oportunidade o que parece ser apenas uma infeliz adversidade”, acrescentou o Papa, pedindo o fim da morosidade na comunidade europeia, “dilacerada por egoísmos nacionalistas”.
Grécia, memória da Europa
Para Francisco, a grande adversidade é constituída pela pandemia e ressaltou a atualidade do juramento de Hipócrates e o direito à saúde e o compromisso a salvaguardar a vida em todos os momentos, particularmente no ventre materno.
“Queridos amigos, alguns exemplares de oliveira mediterrânica testemunham uma vida tão longa que antecede o aparecimento de Cristo. (…) Este país pode ser definido a memória da Europa.”
O Papa concluiu reiterando sua felicidade por visitar a Grécia 20 anos depois de São João Paulo II e no bicentenário da sua independência. E gratidão pelo reconhecimento público da comunidade católica.
“Desta cidade, deste berço da civilização, elevou-se e oxalá nunca cesse de se elevar uma mensagem que encaminha para o Alto e para o outro; que às seduções do autoritarismo responda com a democracia; que à indiferença individualista oponha a solicitude pelo outro, pelo pobre e pela criação.”