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Mariana: rompimento da barragem completa 5 anos; Igreja pede reparação

Comissão de Mineração da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil se manifestou nesta quinta-feira, 6

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Mariana logo após o rompimento da barragem do Fundão, em 2015 /Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil

O rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), completou cinco anos. A barragem da Samarco, cujas donas são a Vale e BHP Billiton, rompeu-se na tarde do dia 5 de novembro de 2015, provocando 19 mortes. Além de destruir casas, o mar de lama devastou o Rio Doce e atingiu o oceano no Espírito Santo.

Nestes mais de 1,8 mil dias, os responsáveis pela tragédia não foram julgados. Em 2019, o crime de homicídio foi retirado do processo. As mortes provocadas pelo rompimento da barragem foram consideradas pela Justiça como consequência da inundação causada pelo rompimento. Durante este período, as comunidades destruídas não foram reconstruídas e ainda faltam respostas para a recuperação do meio ambiente. 

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Por ocasião do aniversário de cinco anos desta tragédia, o bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG) e secretário executivo da Comissão Especial sobre Mineração e Ecologia Integral (CEEM) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Vicente de Paula Ferreira, expressou o posicionamento da Comissão da CNBB. “Queremos, nesta data, manifestar nossa solidariedade com todos os atingidos e o nosso compromisso em defesa da Casa Comum”, disse.

A Comissão de Mineração da CNBB endossa pontos importantes da Carta denúncia das pessoas atingidas de Mariana atingidas pela barragem de Fundão, com quem a Cáritas desenvolve um trabalho de parceria.  “Exigimos: a) a restituição do direito à moradia digna, incluindo a preservação dos modos de vida, das comunidades destruídas, como as comunidades tradicionais; b) a compensação econômica, mesmo sabendo que alguns direitos lesados são irreparáveis; c) também reafirmamos a reabilitação médica, psíquica, econômica e social dos indivíduos e coletivos; d) apoio à indenização justa pelas perdas e danos materiais e imateriais”, diz o representante da Comissão.

Pedido público de perdão

A Comissão de Mineração da CNBB, segundo Dom Vicente, espera a não repetição de desastres criminosos de mesma natureza, como aconteceu a tragédia crime da mina Córrego do Feijão, em  Brumadinho (MG). “Cobramos a satisfação a partir de medidas de preservação, restauração da honra, cultura e memória das pessoas, incluindo um pedido público de perdão, o que ainda não foi feito, para que haja assim justiça”.

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Para Dom Vicente, como os próprios atingidos lançaram o lema: “Mariana, um crime que se Renova”, em referência à associação criada pelas empresas que não defendem os atingidos, há uma clara morosidade nas reparações e alinhamento com os poderes das mineradoras. “Nós queremos sim renovar  nosso compromisso com uma verdadeira conversão ecológica, amparando todas as pessoas que são vítimas de crimes tão hediondos, como disse o Papa Francisco na encíclica Fratelli Tutti, todos irmãos. Que nós possamos passar de uma cultura que mata para uma cultura da fraternidade e da amizade social”, reforçou.

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