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Diaconia é o meio para uma Igreja viva, diz diácono sobre oração do Papa

Uma vocação de serviço e caridade, os diáconos permanentes são chamados a testemunhar o Evangelho vivendo seu ministério na Igreja, no trabalho e na família

Kelen Galvan
Da redação

A missão dos diáconos permanentes foi lembrada pelo Papa Francisco nas intenções de oração para este mês de maio, com um pedido: “sejam um sinal vivificante para toda a Igreja”.

O diaconato permanente é a única vocação em que se recebe os sete sacramentos. Ela foi restaurada na Igreja Católica a partir do Concílio Vaticano II e está relacionada diretamente à atitude do serviço e da caridade.

“Os diáconos são chamados a viver o seu ministério na Igreja, no trabalho e na família, chamados a testemunhar o Evangelho nessas realidades”, explica o diácono Fábio Luiz de Souza Baía.

Segundo ele, embora seja um desafio conciliar essas três dimensões, há uma realização interior em fazê-lo, e por mais que pareça impossível estar “por completo” em cada realidade, é justamente isso que o sacramento da ordem faz aos que têm essa vocação.

“Somos felizes em viver a dimensão do serviço na vida matrimonial e tudo aquilo que é próprio dela, assim como o serviço à Igreja naquilo que é próprio ao diaconato.”

“É algo exigente, mas que nos realiza por completo, somos felizes em viver a dimensão do serviço na vida matrimonial e tudo aquilo que é próprio dela, assim como o serviço à Igreja naquilo que é próprio ao diaconato. (…) Trabalhamos e precisamos exercer o diaconato lá no nosso local de trabalho também. Vejam, a missão do diácono é ir onde os padres, muitas vezes, não conseguem ir e ser sinal de Deus lá onde exerço o meu trabalho. Nosso campo de missão é muito amplo, mas precisamos estar completos em cada uma dessas áreas”, explica.

Diácono permanente na Igreja

O diácono Fábio explica que o diácono permanente faz parte do clero, ele não é um leigo, pois recebe o sacramento da ordem e por isso também usa a veste clerical.

“A missão dos diáconos (permanentes ou transitórios) está relacionada ao servido na tríplice missão: na Palavra, na Liturgia e na Caridade. Assim, todas as atividades relacionadas a essas missões são o campo de atuação do diácono”, destaca.

 

Descoberta vocacional

Ordenado diácono permanente há apenas oito meses, diácono Fábio, 38 anos, conta que levou quase 20 anos de discernimento vocacional até sua ordenação no dia 14 de setembro de 2019.

Ele lembra que, desde sua juventude, seu maior desejo era servir a Deus e dedicar-se a Ele por completo, mas não sabia de que forma fazê-lo. Nesta época, fez um longo processo de discernimento e por orientação de seu pároco entrou para o seminário e ali permaneceu durante quatro anos.

Fez também um caminho vocacional com a Comunidade Canção Nova, onde conheceu sua esposa. Casaram-se há 15 anos, e anos depois fizeram o caminho para o segundo elo da Canção Nova. “Ficamos alguns anos consagrados como aliança. Foram anos maravilhosos, mas percebia que ainda faltava algo, desejava servir a Deus mais de perto, servindo ao próximo, servir a Deus no altar”.

“Entrar para a escola diaconal não significa que será ordenado ao final do curso. Quer dizer que você aceita discernir de maneira mais profunda, mais intensa, a sua vocação”.

Diácono Fábio lembra que, desde que saiu do seminário, sentiu que Deus havia colocado em seu coração a semente do diaconato, mas precisou esperar ter os requisitos básicos para começar esse processo de discernimento vocacional.

“O tempo passou, a semente foi sendo germinada, até que começou a me incomodar, porque queria começar a dar frutos. Minha esposa sempre soube desse desejo desde o início. Minhas filhas cresceram ouvindo falar do diaconato, até mesmo pelas atividades que já desenvolvia em nossa paróquia. Elas sempre entenderam esse desejo, sempre me apoiaram. Diziam que, quando chegasse o tempo certo, elas estariam comigo”, conta.

Foi assim que, em 2014, deu os passos concretos para realizar sua vocação diaconal. Foram cinco anos de muito estudo e discernimento, e também outros procedimentos, como entrevistas, cartas de indicação e aprovação, inclusive de sua esposa.

“Entrar para a escola diaconal não significa que será ordenado ao final do curso. Quer dizer que você aceita discernir de maneira mais profunda, mais intensa, a sua vocação. E isso é algo que só vai ser confirmado mesmo no dia da ordenação”, explicou.

Diácono Fábio Luiz de Souza Baía / Foto: Arquivo pessoal

Ser sinal vivificante

“A diaconia é o meio para que tenhamos uma Igreja viva, um mundo novo”

Para o diácono Fábio, uma forma de responder a este pedido do Papa Francisco é ser um sinal de Deus e evangelizar “oportuna e inoportunamente” em todos os lugares, a começar de sua própria família.

“Os diáconos tem uma grande missão em suas próprias casas e nas casas de seus amigos e familiares: ensinar a exercitar a prática das virtudes, tais como a paciência, a justiça, a honestidade, o amor, a verdade. A família é um grande local de treinamento daquilo que o Senhor nos ensina na Palavra, para que, tendo treinado muito, possamos depois colocar tudo em prática no mundo”, destacou.

Ele explica que ser diácono é ser servidor e abrir mão dos seus próprios interesses em vista do bem do próximo, e afirma que essa atitude pode ser vivida por todos os cristãos. “Na medida em que cada um se torne capaz de pensar mais no outro do que em si mesmo; capaz de doar de si mesmo, do seu tempo, do seu trabalho; capaz de doar-se sem querer nada em troca; certamente, viveremos em um mundo muito diferente. A diaconia é o meio para que tenhamos uma Igreja viva, um mundo novo”, disse.

“Os diáconos são chamados a viver o seu ministério na Igreja, no trabalho e na família”, destaca diácono Fábio / Foto: Arquivo pessoal

Em meio à pandemia

“O que essa pandemia nos ensina é que o ministério do serviço vai muito além disso, é tempo de nos reinventarmos no nosso ministério diaconal”

Nestes tempos difíceis com a realidade da pandemia do novo coronavírus e as medidas de isolamento social, Fábio afirma que os diáconos precisam ser presença, mesmo à distância, na vida das pessoas, em especial das que se sentem abandonadas.

“Nesse tempo de pandemia, não podemos visitar as casas das famílias, não podemos dar aquele abraço que tanto gostamos, não podemos administrar os sacramentos do batismo e do matrimônio. O que essa pandemia nos ensina é que o ministério do serviço vai muito além disso, é tempo de nos reinventarmos no nosso ministério diaconal”, destaca.

Diácono Fábio sugere usar os aplicativos virtuais para continuar evangelizando. “Assim, é possível rezar o terço em família estando a quilômetros de distância uns dos outros; é possível anunciar o Evangelho a milhares de pessoas, que antes não tinham a mínima possibilidade de estarem reunidas no mesmo lugar (…) Nós não perdemos o nosso campo de missão, na verdade, ganhamos um outro muito mais amplo”.

Ele lembra que este é um tempo onde o desespero quer roubar a fé de muitas pessoas e há muitos que estão sofrendo com a fome, com a doença e o desemprego, ocasião em que, além de cuidar dos irmãos com o alimento espiritual, há a necessidade também do alimento material.

“Nesse tempo de pandemia, precisamos levar ao povo de Deus uma palavra de ânimo, de esperança e do amor de Deus. Da mesma forma, precisamos levar àqueles que mais necessitam, o alimento que sustenta o corpo”, enfatizou.

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