Homilia

Quem ama a Deus e não ama as pessoas é mentiroso, alerta Papa

Francisco dedicou a homilia da missa celebrada nesta sexta-feira, 10, na Casa Santa Marta, ao amor e ao verdadeiro ato de amar

Da redação, com Vatican News

Papa Francisco durante missa na Capela da Casa Santa Marta/ Foto: Vatican Media via Reuters

A primeira leitura desta sexta-feira, 10, extraída da Primeira Carta de João, fala do amor e este foi o tema da homilia da missa celebrada pelo Papa Francisco na capela da Casa Santa Marta. O apóstolo João, afirmou o Pontífice, entendeu o que é o amor, o experimentou, e entrando no coração de Jesus, entendeu como se manifestou. “A sua carta nos diz, portanto, como se ama e como fomos amados”, completou.

O Santo Padre destacou “claras” duas afirmações de São João. A primeira é o fundamento do amor: “Nós amamos Deus porque Ele nos amou por primeiro. O início do amor vem Dele. (…) Eu começo a amar, ou posso começar a amar, porque sei que Ele me amou por primeiro”. O Papa prosseguiu: “Se Ele não nos tivesse amado, certamente nós não poderíamos amar”.

Uma criança recém-nascida, de poucos dias, poderia explicar o amor se pudesse falar, frisou Francisco. “Ela diria: ‘Sinto-me amada pelos pais’”. De acordo com o Pontífice, aquilo que os pais fazem com o filho, Deus fez com a humanidade:. “Nos amou por primeiro. E isso faz nascer e crescer a nossa capacidade de amar. Esta é uma definição clara do amor: nós podemos amar a Deus porque Ele nos amou por primeiro”.

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A segunda afirmação, “sem meias palavras” do apóstolo, é : “Se alguém diz que ama a Deus, mas odeia o seu irmão, é um mentiroso”, sublinhou o Papa. Para o Santo Padre, São João não diz que é um mal-educado ou que errou, mas que é um mentiroso. “Também nós devemos aprender isto: Eu amo a Deus, rezo, entro em êxtase e tudo… e depois descarto os outros, odeio os outros ou não os amo, simplesmente, ou sou indiferente aos outros”.

“[João] não diz ‘você errou’, mas ‘você é mentiroso’. E esta palavra na Bíblia é clara, porque ser mentiroso é justamente o modo de ser do diabo: é o Grande Mentiroso, nos diz o Novo Testamento, é o pai da mentira. Esta é a definição de Satanás que a Bíblia nos dá. E se você diz amar a Deus e odeia o seu irmão, você está do outro lado: é um mentiroso. Nisto não há concessões”.

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Muitos podem encontrar justificativas para não amar alguém, observou Francisco. “Pode dizer: ‘Eu não odeio, padre, mas existem tantas pessoas que fazem mal para mim ou que não posso aceitar porque são mal-educadas ou rudes'”, exemplificou. O Papa prosseguiu destacando a concretude do amor indicado por João quando escreve: “Aquele que não ama seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus, a quem não vê”.

“Se você não é capaz de amar as pessoas, dos mais próximos aos mais distantes com quem convive, você não pode nos dizer que ama a Deus: você é um mentiroso”, afirma Francisco. Não há somente o sentimento, o ódio, frisou o Pontífice, há também o desejo de não “se envolver” nas coisas dos outros. E isso não está certo, segundo o Papa, porque o amor “se expressa praticando o bem”.

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“Se uma pessoa diz: ‘Eu, para estar bem limpo, só bebo água destilada’: você morrerá! Porque isso não serve para a vida. O verdadeiro amor não é água destilada: é água todos os dias, com os problemas, com os afetos, com os amores e com os ódios, mas é isso. Amar a concretude, o amor concreto: não é um amor de laboratório. Isso nos ensina o apóstolo, com essas definições assim tão claras. Mas existe uma maneira de não amar a Deus e de não amar o próximo um pouco escondido, que é a indiferença. ‘Não, eu não quero isso: eu quero água destilada. Eu não me envolvo com o problema dos outros’. Você deve, para ajudar, para rezar'”.

A expressão de São Alberto Hurtado, foi citada pelo Santo Padre: “É bom não fazer o mal; mas é mal não fazer o bem”. O verdadeiro amor deve levar a praticar o bem (…), a sujar as mãos nas obras de amor, observou Francisco. O Pontífice destacou que não é fácil, mas por esse caminho de fé existe a possibilidade de vencer o mundo, a mentalidade do mundo que impede de amar.

Este é o caminho, afirmou o Papa. “Aqui não entram os indiferentes, aqueles que lavam as mãos dos problemas, aqueles que não querem envolver-se nos problemas para ajudar, para fazer o bem; não entram os falsos místicos, aqueles com o coração destilado como a água, que dizem amar a Deus, mas não amam o próximo”. Conclui: “Que o Senhor nos ensine estas verdades: a segurança de termos sido amados por primeiro e a coragem de amar os irmãos”.

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