Em sua mensagem para o 28º Dia Mundial do Enfermo, Francisco afirmou que os doentes atraem o olhar e o coração de Jesus
Da redação
“Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, que Eu hei de aliviar-vos” (Mt 11, 28). Com essas palavras ditas por Jesus e descritas no evangelho de São Mateus, o Papa Francisco iniciou a sua mensagem para o 28º Dia Mundial do Enfermo. Em sua reflexão, o Pontífice afirma que, Jesus, por meio de Suas palavras, exprime solidariedade diante de uma humanidade aflita por sofrimentos físicos e espirituais. “A todos, convida a ir ter com Ele – «vinde a Mim» –, prometendo-lhes alívio e recuperação”, observou.
Leia na íntegra
.: Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial do Enfermo 2020
Segundo o Papa, a enfermidade torna homens e mulheres inteiramente dependentes de Deus para a cura do que necessitam. “A humanidade ferida é contemplada por Jesus com olhos que veem e observam porque penetram em profundidade: não correm indiferentes, mas param e acolhem o homem todo e todo o homem segundo a respetiva condição de saúde, sem descartar ninguém, convidando cada um a fazer experiência de ternura entrando na vida d’Ele”.
O sentimento de compaixão de Jesus Cristo deriva, de acordo com o Santo Padre, da fragilidade experimentada em sua humanidade. “Só quem passa pessoalmente por esta experiência poderá ser conforto para o outro”, complementou. Várias são as formas graves de sofrimento sublinhadas por Francisco. Nelas, o Papa afirmou ser possível notar a carência da humanidade pelo que se revela necessário, para uma cura humana integral, pela personalização do contato e a solicitude ao tratamento.
“Na doença, a pessoa sente comprometidas não só a sua integridade física, mas também as várias dimensões da sua vida relacional, intelectiva, afetiva, espiritual; e por isso, além das terapias, espera amparo, solicitude, atenção, em suma, amor. Além disso, junto do doente, há uma família que sofre e pede, também ela, conforto e proximidade”.
Em Jesus, o Pontífice frisou ser possível encontrar força para ultrapassar as inquietações e interrogativos. “É verdade que Cristo não nos deixou receitas, mas, com a sua paixão, morte e ressurreição, liberta-nos da opressão do mal”.
A Igreja como casa dos enfermos
“Precisais certamente de um lugar para vos restabelecerdes. A Igreja quer ser, cada vez mais e melhor, a ‘estalagem’ do Bom Samaritano que é Cristo (cf. Lc 10, 34), isto é, a casa onde podeis encontrar a sua graça, que se expressa na familiaridade, no acolhimento, no alívio”. Na Igreja, Francisco afirmou que os enfermos encontrarão pessoas que, tendo sido curadas pela misericórdia de Deus na sua fragilidade, saberão ajudá-los a levar a cruz.
Profissionais de saúde
Em sua mensagem, o Santo Padre citou o serviço dos profissionais da saúde – médicos, enfermeiros, pessoal sanitário, administrativo e auxiliar, voluntários –, que colocam em ação, suas respectivas competências, e fazem a presença de Cristo ser sentida por muitos quando proporcionam consolação e cuidado.
O Papa alertou para a humanidade destes profissionais, suas fragilidades e até mesmo doenças, e os exortou: “Queridos profissionais da saúde, qualquer intervenção diagnóstica, preventiva, terapêutica, de pesquisa, tratamento e reabilitação há de ter por objetivo a pessoa doente, onde o substantivo ‘pessoa’ venha sempre antes do adjetivo ‘doente’. Por isso, a vossa ação tenha em vista constantemente a dignidade e a vida da pessoa, sem qualquer cedência a atos de natureza eutanásica, de suicídio assistido ou supressão da vida, nem mesmo se for irreversível o estado da doença”.
Francisco completou: “Quando vos defrontais com os limites e possível fracasso da própria ciência médica perante casos clínicos cada vez mais problemáticos e diagnósticos funestos, sois chamados a abrir-vos à dimensão transcendente, que vos pode oferecer o sentido pleno da vossa profissão. Lembremo-nos de que a vida é sacra e pertence a Deus, sendo por conseguinte inviolável e indisponível (cf. Instr. Donum vitae, 5; Enc. Evangelium vitae, 29-53)”.
Guerras e governos
O Pontífice lamentou que em alguns contextos de guerra e conflitos violentos, o pessoal sanitário e as estruturas que se ocupam da recepção e assistência dos doentes sejam atacados. “Em algumas áreas, o próprio poder político pretende manipular a seu favor a assistência médica, limitando a justa autonomia da profissão sanitária. Na realidade, atacar aqueles que se dedicam ao serviço dos membros sofredores do corpo social não beneficia a ninguém”, condenou.
Apelo
Por fim, o Santo Padre recordou os muitos enfermos de todo o mundo que não têm acesso a cuidados médicos porque vivem na pobreza. “Dirijo-me às instituições sanitárias e aos governos de todos os países do mundo, pedindo-lhes que não sobreponham o aspeto econômico ao da justiça social. Faço votos de que, conciliando os princípios de solidariedade e subsidiariedade, se coopere para que todos tenham acesso a cuidados médicos adequados para salvaguardar e restabelecer a saúde”.
“De coração agradeço aos voluntários que se colocam ao serviço dos doentes, procurando em não poucos casos suprir carências estruturais e refletindo, com gestos de ternura e proximidade, a imagem de Cristo Bom Samaritano. À Virgem Maria, Saúde dos Enfermos, confio todas as pessoas que carregam o fardo da doença, juntamente com os seus familiares, bem como todos os profissionais da saúde”, concluiu.