Santa Missa no Estádio de Beisebol foi o último compromisso do Papa Francisco em Nagasaki neste domingo, 24
Da redação, com Vatican News
“No Calvário, muitas vozes se calaram e tantas outras zombaram do Crucificado; só a voz do Bom ladrão se ergueu em defesa do Inocente sofredor, como verdadeira e corajosa profissão de fé”.
O Santo Padre presidiu, neste domingo, 24, no Estádio de Beisebol de Nagasaki, a celebração Eucarística na Solenidade de Cristo Rei do Universo.
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Em sua homilia, o Papa partiu do versículo evangélico de Lucas: “Jesus, lembra-te de mim, quando estiveres no teu Reino”. Neste último domingo do Ano Litúrgico, Francisco nos exorta a unir as nossas vozes à do Bom ladrão, que foi crucificado com Jesus, que o reconheceu e o proclamou Rei.
Naquele momento triste, entre zombarias e humilhação, o malfeitor, conhecido como Bom ladrão, teve a força, apesar do seu sofrimento na cruz, de levantar sua voz e fazer a sua profissão de fé em Jesus, que lhe respondeu: “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso”.
Calvário
O passado tortuoso do malfeitor ganhou um novo significado, por acompanhar de perto o suplício do Senhor, que oferecia a sua vida pela salvação dos homens. E o Papa explicou:
“Calvário, lugar de desatino e injustiça, onde impotência e incompreensão são acompanhadas pela murmuração cínica dos zombadores, diante da morte de um inocente. Tudo isso se torna sublime, graças à atitude do Bom ladrão, com palavras de esperança para toda a humanidade ”.
As zombarias tocam o coração tornando-se compaixão. Por isso, Francisco convidou os fiéis presentes a renovar a nossa fé em Jesus Cristo, como fez o Bom ladrão. Muitas vezes, disse o Papa, nos esquecemos dos sofrimentos de tantos inocentes, dizendo “salva-te a ti mesmo”. E Francisco refletiu:
“Estas terras experimentaram, como poucas, a capacidade destruidora que o ser humano pode chegar. Por isso, como o Bom ladrão, vivamos este instante para elevar a nossas vozes e fazer a nossa profissão de fé em defesa e ao serviço do Senhor, o Inocente sofredor; acompanhemos seu suplício, solidão e abandono, sabendo que o Pai deseja a salvação de todos: ‘Hoje estarás comigo no Paraíso’.”
Mártires japoneses
Aqui, o Pontífice recordou o exemplo de São Paulo Miki e Companheiros, que, com coragem, deram testemunho da salvação, com a própria vida, bem como a herança espiritual de milhares de mártires do Japão:
“Seguindo suas sendas, queremos caminhar nas suas pegadas professando, com coragem, que o amor doado, sacrificado e celebrado por Cristo na Cruz, é capaz de vencer todo o tipo de ódio, egoísmo, ultraje; é capaz de vencer todo o pessimismo indolente ou bem-estar narcotizante, que acaba paralisando todas as boas ações e escolhas”.
Professamos a nossa fé no Deus dos vivos, afirmou o Papa. Cristo está vivo, age no meio de nós e nos guia rumo à plenitude da vida. Eis a nossa esperança! Nossa missão de discípulos missionários é ser testemunhas e arautos do futuro. Por isso, não devemos nos resignar diante do mal, mas sermos fermento do seu Reino: na família, no trabalho, na sociedade. E Francisco acrescentou:
“O Reino dos Céus é a nossa meta comum: uma meta que não pode ser atingida só amanhã, mas também, apesar da indiferença que circunda e cala tantos dos nossos enfermos, pessoas com deficiência, idosos e excluídos, refugiados e trabalhadores estrangeiros. Todos são sacramento vivo de Cristo, nosso Rei”.
O Santo Padre concluiu sua homilia recordando que, no Calvário, muitas vozes se calaram e tantas outras zombaram, mas só a voz do Bom ladrão se ergueu em defesa do Inocente sofredor: uma verdadeira e corajosa profissão de fé. Cabe a cada um de nós a decisão de calar, zombar ou profetizar. Por fim, o Papa fez uma exortação:
“Nagasaki traz na sua alma uma ferida difícil de sarar, sinal do sofrimento inexplicável de tantos inocentes, vítimas das guerras do passado, que, ainda hoje, sofrem com esta “Terceira guerra mundial em pedaços”. Elevemos nossas vozes, em uma oração comum, por todos os sofrem na sua carne por este pecado. Façamos como o Bom ladrão que profetizou um reino de verdade e vida, de santidade e graça, de justiça, amor e paz”.