Outubro Rosa

Médico do Inca comenta incidência e prevenção do câncer de mama

Brasil é o segundo país com mais alta incidência de câncer de mama, mas mortalidade por causa da doença é mais baixa que em outros países

Thiago Coutinho
Da Redação

Campanha Outubro Rosa, no Brasil, alerta sobre prevenção do câncer de mama / Foto: Marijana – Pixabay

O Instituto Nacional do Câncer (INCA), que faz parte do Ministério da Saúde, traz um dado preocupante sobre o câncer de mama: mulheres com baixa escolaridade que vivem em regiões mais carentes, sem acesso à mamografia, são as maiores vítimas da doença. No Brasil, o estado com maior incidência é o Rio de Janeiro (68,78%).

Detectar a doença precocemente é o primeiro passo para se livrar dela; nesse sentido, conhecer o próprio corpo é um aspecto importante. “A maior parte dos cânceres é descoberta pelas próprias mulheres, por isso é importante que elas conheçam o próprio corpo”, explica Arn Migowski, médico do INCA. “Não é necessário que a mulher tenha um método padrão para fazer isto, mas que apalpem a mama ocasionalmente “, acrescenta.

Este toque é essencial para que a mulher sinta a presença de nódulos ― que não são normais à mama. “Se o caroço for fixo e endurecido, não se mover, é mais suspeito. Em mulheres mais jovens é mais raro que seja um câncer, mas se persistir por mais de um ciclo menstrual, é bom procurar um médico. Em mulheres com mais de 50 anos, é necessária uma avaliação médica”, detalha.

Líquidos que sejam expelidos pela mama também merecem atenção. “Em 90% dos casos o sinal é o caroço. Mas em outros, sem apertar a mama, a mulher nota um líquido pelo bico, de uma mama só sair sangue ou claro como água, é suspeito”, avalia o especialista. Nódulos na axila ou alterações na pele ou formato do bico do seio podem ser sinais de câncer de mama.

Uma curiosidade: não é necessário que haja dor para ser câncer. “Pelo contrário, muitas vezes nem se trata da doença”, afirma Migowski. “Pode ser também, pois há um tipo raro que causa isto, mas é bem incomum. Mas o mais comum é não ter dor”.

Mamografia: para detecção precoce

Ao contrário do que se pensa, a mamografia não é um procedimento preventivo. “Isto é um erro”, garante Migowski. “A ideia dela é a detecção precoce. Não é possível garantir que se a mulher fizer tudo que dissermos estará 100% prevenida contra o câncer”, diz.

No entanto, há alguns detalhes que devem ser levados em conta. Obesidade, sobretudo na pós-menopausa, está associada ao desenvolvimento de câncer de mama. “Por isso, atividades físicas regulares, manutenção do peso corporal adequado diminuem os riscos de a mulher ter o câncer de mama”, afirma.

Para mulheres que têm filhos, amamentar também ajuda a impedir que a doença surja. “A terapia de reposição hormonal também é um fator de risco e se precisarem ser feita, que seja no menor tempo possível”, informa o especialista. Ingestão de bebidas alcoólicas também devem ser evitadas.

O segundo país com mais câncer de mama

No Brasil, a mortalidade do câncer de mama é baixa em relação a outros países: está situado na segunda faixa mais baixa, com uma taxa de 13 por 100 mil. Porém, é o segundo país com a mais alta taxa de incidência de câncer de mama entre os todos os países: são 62,9 casos por 100 mil mulheres (índice padrão utilizado mundialmente). Os dados, referentes a 2018, foram apresentados pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) durante cerimônia de celebração do Outubro Rosa no último dia 7 de outubro. 

“No geral, os vários fatores de riscos explicam em parte esta questão”, explica Migowski. Até mesmo exames de check up feitos excessivamente podem gerar este aumento. O especialista alerta sobre o risco, por exemplo, de mamografias feitas em excesso, sem indicação, que podem acabar levando a cânceres que não evoluiriam – o chamado ‘sobrediagnóstico’.

Os exames de rotina devem ser feitos, de acordo com o especialista, em mulheres assintomáticas apenas nas faixas etárias de 50 a 69 anos, uma vez a cada dois anos. “Fazer mais do que isto aumenta riscos desnecessários, pois não há evidências científicas de que isto causará algum benefício à mulher”, finaliza.

Superação

Prestes a completar 40 anos, Maria Eunice descobriu um câncer de mama. Em tratamento até os dias de hoje, ela garante que foi a fé quem a livrou da doença. Confira abaixo seu relato, que também virou assunto de um livro escrito por ela: 

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