‘A retribuição humana, de fato, geralmente distorce os relacionamentos, os torna comerciais’, reiterou o Santo Padre
Da redação, com Vatican News
A alocução do Papa Francisco, neste domingo, 1 de setembro, antes de rezar o Angelus com os fiéis reunidos na Praça São Pedro:
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Antes de tudo, tenho que me desculpar pelo atraso, mas houve um incidente: fiquei trancado no elevador por 25 minutos! Houve uma queda de tensão e o elevador parou. Graças a Deus vieram os bombeiros ― agradeço tanto a eles! ― e, depois de 25 minutos de trabalho, conseguiram fazer com que voltasse a funcionar. Uma salva de palmas para os bombeiros!
O Evangelho deste domingo mostra-nos Jesus participando de um banquete na casa de um chefe dos fariseus. Jesus olha e observa como os convidados correm, se apressam para conseguir os primeiros lugares. É um comportamento bastante difundido, também em nossos dias, e não somente quando somos convidados para um almoço: habitualmente busca-se o primeiro lugar para afirmar uma suposta superioridade sobre os outros.
Na realidade, essa corrida aos primeiros lugares faz mal à comunidade, quer civil como eclesial, porque destrói a fraternidade. Todos conhecemos estas pessoas: galgadores, que sempre se agarram para subir, subir. Fazem mal à fraternidade, prejudicam a fraternidade. Diante dessa cena, Jesus conta duas breves parábolas.
A primeira parábola é dirigida àquele que é convidado para um banquete e o exorta a não ocupar o primeiro lugar, «para que ― diz ele ― não aconteça que tenha um convidado mais digno do que tu e aquele que convidou os dois venha te dizer: “Por favor, para trás, dá lugar a ele!” Uma vergonha! Então tu ficarás envergonhado e irás ocupar o último lugar.”
Em vez disso, Jesus nos ensina a ter a atitude oposta: “Quando tu fores convidado, vai sentar-te no último lugar. Assim, quando chegar quem te convidou, te dirá: ‘Amigo, vem mais para cima’!”. Portanto, não devemos buscar por iniciativa própria a atenção e a consideração de outros, mas sim permitir que sejam os outros a dá-la.
Jesus nos mostra sempre o caminho da humildade ― devemos aprender o caminho da humildade! – porque é o mais autêntico, o que também permite ter relações autênticas. A verdadeira humildade, não a humildade fingida, aquela que no Piemonte se chama a “mugna quacia”, não, aquela não. A verdadeira humildade.
Na segunda parábola, Jesus se dirige àquele que convida e, referindo-se à maneira de selecionar os convidados diz a ele: «Quando deres uma festa, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos. Então tu serás feliz! Porque eles não te podem retribuir”(vv. 13-14). Também aqui, Jesus Jesus vai completamente contracorrente, manifestando como sempre a lógica de Deus Pai. E também acrescenta a chave para interpretar esse seu discurso. E qual é a chave? Uma promessa: se fizerem assim, “receberás a recompensa na ressurreição dos justos”.
Isso significa que aquele que assim se comportar, terá a recompensa divina, muito superior à retribuição humana que se espera: eu te faço esse favor esperando que tu me faça outro. Não, isso não é cristão. A generosidade humilde é cristã.
A retribuição humana, de fato, geralmente distorce os relacionamentos, os torna comerciais, introduzindo o interesse pessoal em uma relação que deveria ser generosa e gratuita. Em vez disso, Jesus convida à generosidade desinteressada, para abrir-nos o caminho em direção a uma alegria muito maior, a alegria de ser partícipes do próprio amor de Deus que nos espera, todos nós, no banquete celeste.
Que a Virgem Maria, “humilde e mais elevada que uma criatura” (DANTE, Paradiso, XXXIII, 2), nos ajude a reconhecer-nos como somos, isto é, pequenos; e a nos alegrarmos em dar sem esperar recompensa.