No Angelus, o Santo Padre disse que seguir Jesus exclui arrependimentos e olhar para trás, mas requer a virtude de decisão
Da redação, com Vatican News
Na oração mariana do Angelus deste domingo, 30, o Papa Francisco destacou que o ser discípulo de Cristo deve ser uma escolha livre e consciente, feita por amor, para retribuir a graça inestimável de Deus, e não um modo para promover a si próprio.
“Jesus nos quer apaixonados por Ele e pelo Evangelho. Uma paixão do coração que se traduz em gestos concretos de proximidade, de proximidade aos irmãos mais necessitados de acolhimento e de atenção. Exatamente como Ele mesmo quis.”
Foi o que disse o Papa Francisco no Angelus ao meio-dia deste domingo, 30, em que a Igreja no Brasil celebra a solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e também o Dia do Papa.
Na alocução que precedeu a oração mariana, dirigindo-se aos milhares de fiéis, peregrinos e turistas presentes na Praça São Pedro, o Pontífice explicou a página do Evangelho deste XIII Domingo do Tempo Comum (Lc 9,51-62), em que o Evangelista São Lucas dá início à narração da última viagem de Jesus rumo a Jerusalém, que se concluirá no capítulo 19.
Francisco observou tratar-se de uma longa marcha não somente geográfica e espacial, mas espiritual e teológica rumo ao cumprimento da missão do Messias, acrescentando que “a decisão de Jesus é radical e total, e aqueles que o seguem são chamados a defrontar-se com ela.
O Santo Padre se ateve aos três personagens que São Lucas apresenta no Evangelho do dia, “três casos de vocação, podemos dizer, que evidenciam o que é exigido a quem quer seguir Jesus até o fim”, ressaltou.
O primeiro personagem promete a Jesus: “Eu te seguirei para onde quer que vás”. Mas Jesus responde que o Filho do homem, diferentemente das raposas que têm as tocas e as aves do céu, ninhos, “não tem onde reclinar a cabeça”.
“Efetivamente, Jesus deixou a casa paterna e renunciou a toda e qualquer segurança para anunciar o Reino de Deus às ovelhas perdidas de seu povo. Desse modo, indicou a nós, seus discípulos, que a nossa missão no mundo não pode ser estática, mas itinerante”, explicou o Papa.“Por sua natureza, a Igreja está em movimento, não fica sedentária e tranquila em seu recinto. É aberta aos mais vastos horizontes, enviada a levar o Evangelho pelas estradas e a alcançar as periferias humanas e existenciais.”
O segundo personagem que Jesus encontra, continuou Francisco, recebe o chamado diretamente d’Ele, porém responde: “Senhor, permite-me primeiro ir enterrar meu pai”. O Pontífice observou tratar-se de um pedido legítimo, fundado no mandamento de honrar pai e mãe. Todavia,, Jesus replicou: “Deixa que os mortos enterrem os seus mortos”.“Com essas palavras, propositadamente provocatórias, Ele quer afirmar o primado do seguimento e do anúncio do Reino de Deus, mesmo sobre as realidades mais importantes, como a família. A urgência de comunicar o Evangelho, que rompe a cadeia da morte e inaugura a vida eterna, não admite atrasos, mas requer prontidão e total disponibilidade.”
O terceiro personagem apresentado pelo Evangelista quer também ele seguir Jesus mas, querendo antes despedir-se dos parentes, ouve o Mestre dizer-lhe: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não é apto pra o Reino de Deus”. Francisco destacou que o seguir Jesus exclui arrependimentos e olhar para trás, mas requer a virtude de decisão.
O valor destas condições colocadas por Jesus ― itinerante, prontidão e decisão ― não está numa série de “não” ditos a coisas boas e importantes da vida, explicou o Papa.
“O acento deve ser colocado no objetivo principal: tornar-se discípulo de Cristo! Uma escolha livre e consciente, feita por amor, para retribuir a graça inestimável de Deus, e não um modo para promover a si próprio.”
“Quem a Virgem Maria, ícone da Igreja em caminho, nos ajude a seguir o Senhor com alegria e a anunciar aos irmãos, com renovado amor, a Boa Nova da salvação”, disse Francisco.