Na Missa de hoje, Dom Philip destacou que é preciso fazer a vontade de Deus, e tornar-se Pão de vida eterna para os outros
Kelen Galvan
Da redação
Na manhã desta quarta-feira, 8, os bispos participaram da Santa Missa, presidida pelo bispo de Miracema do Tocantins (TO), Dom Philip Dickmans. A celebração foi dedicada aos regionais norte 2 e 3 da CNBB.
Os bispos estão reunidos em Aparecida (SP), desde o dia 1º de maio para a realização da 57ª Assembleia Geral da CNBB. Os trabalhos terminam nesta sexta-feira, 10.
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.: Cobertura da 57ª Assembleia Geral da CNBB
Na homilia, Dom Philip lembrou que Jesus é a vida e dá a vida eterna. E, neste tempo de Páscoa, as palavras do Senhor: “a paz esteja com vocês!”, “não tenhais medo”, “coragem, sou eu”, levam a uma profunda reflexão da identidade de cada um como discípulo e missionário.
“Na leitura de ontem, Estevão foi martirizado. E hoje, Saulo continua com as perseguições. Homens e mulheres vão para a cadeia. Mas, aqueles que se dispersaram não ficaram com medo, mas com coragem foram pregar a Palavra”, explicou, citando a primeira leitura de hoje (cf. At 8,1b-8).
Dom Philip questionou: “Porque eles não tinham medo?”. E recordou que, em tantas situações de perseguição, a resposta era a mesma: “Deus é amor!”, “Deus é misericórdia”, “Deus é a nossa vida”.
O bispo disse que, muitos no Brasil, parecem não gostar mais de católicos. E, até alguns católicos parecem não gostar mais de seus bispos, devido às decisões que os levam a refletir sobre questões que vão contra a vida dos mais pobres e desamparados do país.
“Não é só o número que diminuiu, mas também a tolerância. E isso me lembra a passagem do Evangelho: ‘por causa de mim, um vai, outro fica, pais contra os filhos, filhos contra os pais’. O que Deus quer de nós? Onde está Deus entre nós, no meio de tantas promessas e enganos?”, refletiu.
Fazer a vontade de Deus
Dom Philip apontou que todos, bispos, padres, religiosos e o povo de Deus, muitas vezes enfraquecem diante do apelo do Pai, como Jesus disse: “não a Minha vontade, mas a Tua vontade!” (cf. Lc 22,42b). E afirmou que fazer a vontade de Deus é um desafio.
“Entre rezar, pregar e viver há diferenças muito grandes. Desejamos sempre ser radical no seguimento de Jesus, mas com o tempo aparecem muitas desculpas. Ser amado por Ele, e amar por primeiro, de verdade, amor radical que leva às loucuras de ir às periferias, não só das grandes cidades, mas dos pobres, refugiados, das crianças abandonadas nas ruas e nos ventres das suas mães, dos idosos escondidos nos fundos das casas. Daqueles que nós não amamos”, apontou o bispo.
Ele lembrou que o apóstolo Filipe desceu à Samaria e anunciou o Cristo, e questionou: “E nós, para onde vamos descer? Aonde está a nossa coragem?”.
Dom Philip destacou as palavras de Dom Oscar Romero quando dizia que “uma Igreja não perseguida, não é uma Igreja profética”.
E apontou que para o desafio gritante de “para onde ir”, o Evangelho (cf. Jo 6,35-40) é a resposta: “Eu sou o Pão da vida, quem vem a mim nunca mais terá fome. E quem crê em mim, nunca mais terá sede (…) E esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum daqueles que ele me deu, mas os ressuscite no último dia”.
Alimentar-se do Pão
O bispo afirmou que, alimentar-se com o Pão, o Corpo do Senhor, não é só ficar sem fome, mas alimentar a própria coragem e esperança para enfrentar as periferias existenciais da vida, talvez da própria vida.
“Converter o nosso coração para se tornar mais discípulo e missionário. Quem assume a sua vocação, de Pão, encontra coragem, alegria, amor para enfrentar qualquer perseguição. ‘Senhor, dá-nos sempre deste Pão’. Senhor, dá-nos sempre ser este Pão, que dá a vida para os outros. Ser Pão que dá sabor, que é luz na escuridão. Você quer este Pão que dá vida eterna? Você quer ser Pão que dá vida eterna para os outros? E a resposta do Senhor: ‘Ide, vai, coragem”, concluiu.