No Angelus, Papa afirmou que lógica do amor é o que caracteriza o cristão e explicou como superar o instinto humano e a lei mundana da retaliação
Da redação, com VaticanNews
Uma “revolução da misericórdia”, capaz de superar o instinto humano e a lei mundana da retaliação. Assim, “proclamamos ao mundo que é possível vencer o mal com o bem”. Foi o que sugeriu o Papa Francisco, neste domingo, 24, em sua alocução que precedeu a Oração mariana do Angelus.
Dirigindo-se aos milhares de peregrinos presentes na Praça São Pedro em um dia ensolarado e com baixas temperaturas, Francisco recordou que a ordem de Jesus “amar os vossos inimigos, fazer o bem a quem vos odeia e abençoar os que vos amaldiçoam” não é uma opção. E Jesus ordena isto não a todos, mas aos discípulos, “àqueles que o escutam”:
“Ele sabe muito bem que amar os inimigos ultrapassa as nossas possibilidades, mas para isso se fez homem: não para deixar-nos assim como somos, mas para nos transformar em homens e mulheres capazes de um amor maior, aquele de seu e nosso Pai . Este é o amor que Jesus dá a quem o “escuta”. E então isso se torna possível! Com Ele, graças ao seu amor, ao seu Espírito, nós podemos amar também aqueles que não nos amam, mesmo aqueles que nos fazem mal”.
Como superar o instinto humano?
Deste modo – explica o Papa – Jesus quer que em cada coração o amor de Deus triunfe sobre o ódio e o rancor. Mas se a “lógica do amor, que culmina na cruz de Cristo, é o que caracteriza o cristão e nos leva a ir de encontro a todos, com coração de irmãos (…), como é possível superar o instinto humano e a lei mundana da retaliação?”, questiona.
A resposta, recorda Francisco, “é dada por Jesus na mesma página do Evangelho: “Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso”:
“Quem ouve Jesus, que se esforça em segui-lo, mesmo que isso tenha seu preço, torna-se filho de Deus e começa a se assemelhar realmente ao Pai que está nos Céus. Nos tornamos capazes de coisas que nunca teríamos pensado ser capazes dizer ou fazer, e das quais nos teríamos até mesmo envergonhado, mas que agora, pelo contrário, nos dão paz e alegria. Não temos mais necessidade de ser violentos, com as palavras e os gestos; nos descobrimos capazes de ternura e de bondade; e sentimos que tudo isso não vem de nós, mas d’Ele! E, portanto, não nos vangloriamos disso, mas somos apenas agradecidos”.
A revolução do amor
Não há nada maior e mais fecundo do que o amor – diz o Papa -, pois “ele confere à pessoa toda a sua dignidade, enquanto ódio e a vingança a diminuem, deturpando a beleza da criatura feita à imagem de Deus”.
E ressalta, que “esta ordem para responder ao insulto e ao erro com o amor, criou uma nova cultura no mundo: a “cultura da misericórdia, que dá vida a uma verdadeira revolução”:
“É a revolução do amor, cujos protagonistas são os mártires de todos os tempos. E Jesus nos assegura que nosso comportamento, marcado pelo amor para com aqueles que nos fazem mal, não será em vão. Ele diz: “Perdoai e sereis perdoados. Dai e vos será dado (…) porque, com a mesma medida com que medirdes os outros, vós também sereis medidos”.
A exemplo de Deus que sempre nos perdoa – recordou o Santo Padre – também nós devemos perdoar sempre, pois “se não perdoarmos completamente, não podemos pretender ser perdoados completamente”, também.
Vencer o mal com o bem
Pelo contrário, “se os nossos corações se abrem à misericórdia, se o perdão é selado com um abraço fraterno e se estreitam os laços de comunhão, nós proclamamos ao mundo que é possível vencer o mal com o bem”.
“Que a Virgem Maria – foi seu pedido ao final – nos ajude a deixar-nos tocar o coração por esta palavra santa de Jesus, queimando como fogo, que nos transforma e nos torna capazes de fazer o bem sem recompensa, testemunhando em toda parte a vitória do amor”.