Papa celebrou as Vésperas no início da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos
Da redação, com Santa Sé
O Papa Francisco presidiu, na tarde desta sexta-feira, 18, a celebração das Vésperas da primeira semana do tempo comum, por ocasião do início da 52ª Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que tem o tema “Deves procurar a justiça, e só a justiça.” (Dt 16, 18-20).
Na celebração, que aconteceu na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, estavam presentes representantes de outras Igrejas cristãs e Comunidades eclesiais de Roma.
Francisco iniciou sua homilia cumprimentando os representantes das outras Igrejas e grupos ecumênicos, e disse que todos são convidados a implorar a Deus o dom da unidade:
“A unidade dos cristãos é fruto da graça de Deus, pelo que nos devemos predispor a recebê-la com coração pronto e generoso.”
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.: Íntegra da Homilia do Papa no início da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos
O Papa falou sobre a imagem do povo de Israel no livro do Deuteronômio, que, acampado em Moab, estava prestes a entrar na Terra prometida. Lembrou que Moisés, como pai solícito e chefe designado pelo Senhor, repete a Lei ao Povo, instruindo-o e lembrando que deverá viver com fidelidade e justiça, quando se estabelecer na terra prometida:
“A passagem indica como celebrar as três festas principais do ano: Pesach (Páscoa), Shavuot (Pentecostes), Sukkot (Tabernáculos). Cada uma destas festas convida Israel à gratidão pelos bens recebidos de Deus. A celebração duma festa requer a participação de todos; ninguém pode ficar excluído. ‘Alegrar-te-ás na presença do Senhor, teu Deus, com os teus filhos, as tuas filhas, os teus servos e as tuas servas, o levita que viver dentro das portas da tua cidade, o estrangeiro, o órfão e a viúva, que estiverem junto de ti’(Dt 16, 11).”
O Papa lembrou que, a cada festa, é preciso realizar uma peregrinação ao santuário escolhido, e apresentar seus dons. Falou também que não deve surpreender o fato do texto bíblico passar da celebração das festas para a nomeação dos juízes:
“As próprias festas exortam o povo à justiça, lembrando a igualdade fundamental entre todos os membros, todos igualmente dependentes da misericórdia divina, e convidando cada um a partilhar com os outros os bens recebidos. O dar honra e glória ao Senhor nas festas do ano caminha de mãos dadas com o prestar honra e justiça ao seu vizinho, sobretudo se é vulnerável e necessitado.”
Francisco refletiu sobre o tema da Semana de Oração deste ano, e lembrou que os cristãos da Indonésia vivem a preocupação do crescimento econômico do seu país, da concorrência, da pobreza, que põe em perigo a harmonia de uma sociedade em que vivem lado a lado pessoas de diferentes etnias, línguas e religiões.
“Esta situação não se aplica somente à Indonésia; deparamo-nos com a mesma situação no resto do mundo. Quando a sociedade deixa de ter como fundamento o princípio da solidariedade e do bem comum, assistimos ao escândalo de pessoas que vivem em extrema pobreza ao lado de arranha-céus, hotéis imponentes e centros comerciais luxuosos, símbolos de incrível riqueza. Esquecemo-nos da sabedoria da lei mosaica, segundo a qual, se a riqueza não for partilhada, a sociedade divide-se.”
O Papa frisou a lógica da comunidade cristã, onde os fortes devem ocupar-se dos fracos: “A solidariedade e a responsabilidade comum devem ser as leis que regem a família cristã.”
Atualizando a mensagem cristã, Francisco reforçou que também hoje o povo cristão se encontra prestes a entrar no Reino prometido por Deus, mas por estar dividido, precisa recordar o apelo à justiça de Deus.
Francisco terminou seu discurso afirmando que o culto condizente com o Reino, como exige a justiça, é uma festa que engloba a todos, na qual se partilham os dons recebidos.
“Devemos, em primeiro lugar, reconhecer humildemente que as bênçãos recebidas não são nossas por direito, mas por dádiva, tendo-nos sido concedidas para as partilharmos com os outros. Em segundo lugar, devemos reconhecer o valor da graça concedida às outras comunidades cristãs. (…) Um povo cristão, renovado e enriquecido por esta troca de dons, será um povo capaz de caminhar, com passo firme e confiante, pelo caminho que leva à unidade.”
Ao final das Vésperas, o Cardeal Kurt Koch, Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, dirigiu sua saudação ao Santo Padre, agradecendo seu empenho.