Carreata sairá da Catedral da Sé e percorrerá o mesmo trajeto de quarenta anos atrás, quando a imagem restaurada voltou ao Santuário
Thiago Coutinho
Da redação
Neste domingo, 19, o Santuário Nacional celebrará os 40 anos do restauro da imagem de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Para comemorar, uma carreata sairá da Catedral da Sé, em São Paulo, rumo ao Santuário.
Este será o mesmo trajeto realizado há quatro décadas, quando a imagem voltou a Aparecida após ter sido restaurada. “Para Deus, nada é impossível. As palavras do anjo ditas a Maria, na anunciação, traduzem bem este momento da restauração”, explica o reitor do Santuário Nacional, padre João Batista de Almeida, que participa da organização deste evento. “A restauração da imagem de Nossa Senhora inspira as pessoas a restaurarem suas vidas. Tudo isto celebramos nesta carreata”, reitera o religioso.
A programação do evento terá início às 7h30, com uma missa na Catedral da Sé, presidida pelo arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer. “Aparecida, durante muitos anos, pertenceu à Arquidiocese de São Paulo. A Catedral da Sé, então, é uma referência à devoção a Nossa Senhora Aparecida”, explica o padre.
“O percurso entre São Paulo e Aparecida se tornou um grande corredor da fé naquele 19 de agosto de 1978”, relembra o religioso. “Por isso quisemos repetir este trajeto com o intuito de fazer com que todas as pessoas que vivem neste entorno da rodovia Presidente Dutra se sintam abençoadas por Nossa Senhora Aparecida”, acrescenta.
A chegada da imagem está prevista para as 13h30. Haverá uma recepção festiva na Tribuna Bento XVI. “Acredito que teremos mais de 120 mil pessoas aqui no Santuário, podendo chegar a 150 mil”, revela.
Nossa Senhora Aparecida é considerada a Padroeira do Brasil desde julho de 1930. De lá para cá, a devoção só cresce. “Nossa Senhora, com toda sua forma singela e simplicidade, acabou sendo para o povo esta grande referência espiritual”, afirma o padre João Batista. “Nossa Senhora convida o povo a rezar e o nosso povo gosta disto. O povo brasileiro ama a vida de oração”, declara.
O atentado e a restauração
Um jovem de apenas 19 anos atentou contra a imagem de Nossa Senhora Aparecida na noite de 16 de maio de 1978: ele quebrou o vidro do nicho da imagem e foi apanhado no ato por um guarda do Santuário. A imagem, porém, caiu e foi despedaçada em mais de 200 pedaços.
O jovem, segundo o padre João Batista, sofria de problemas mentais. A missão, então, era encontrar alguém que pudesse restaurar a imagem de Nossa Senhora, o que ficou a cargo da artista plástica Maria Helena Chartuni, que à época trabalhava no Museu de Arte de São Paulo (MASP) e fora indicada por um padre brasileiro que era diretor do Museu Vaticano à época, o professor Deoclécio Redig de Campos. Durante 33 dias ininterruptos, Maria Helena se dedicou a reconstituir meticulosamente a imagem de Nossa Senhora.
“Ela estava toda despedaçada. Fiquei quase em pânico, olhando para aquela caixa com os pedaços dela. Depois de um longo período, comecei a pedir para a santa me ajudar a realizar este trabalho”, revela Maria Helena.
A cabeça da imagem, segundo a artista plástica, estava toda esfacelada. “Achei que chegaria até o pescoço, mas depois não soube o que fazer”, detalha.
Após 33 dias de árduo trabalho, Maria Helena conseguiu restaurar a imagem de Nossa Senhora, que se tornou um de seus maiores trabalhos. A artista revela ainda que 95% da imagem permanece como fora encontrada originalmente. “Só uma parte do rosto, na face direita, que tive que refazer. Não podíamos deixar uma imagem sagrada com um buraco na face direita. Junto com os padres, decidimos igualar as faces. Chegamos a fazer uma radiografia depois para mostrarmos todos esses detalhes”, afirma.
“Por mais que estejamos destroçados na vida, seja por qualquer razão, Deus sempre vai encontrar uma maneira de nos restaurar e restituir a nossa dignidade”, finaliza o padre João Batista.