Trabalhar pela unidade e buscar os afastados foram atitudes do santo que o Papa ressaltou como exemplo para os bispos do Peru
Da Redação
Papa Francisco reunido com bispos do Peru / Foto: Reprodução Youtube – Vatican Media
Neste domingo, 21, o Papa Francisco encontrou-se com os bispos do Peru no palácio arcebispal em Lima, no último dia de sua visita apostólica ao país.
Francisco destacou que os dias passados no Peru foram intensos e gratificantes, ocasião em que pôde ouvir e viver diferentes realidades do país bem como partilhar a fé com o povo de Deus. “Obrigado pela oportunidade de poder ‘tocar’ a fé do povo que Deus vos confiou”.
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O discurso do Papa foi centrado no exemplo de São Toríbio de Mogrovejo, padroeiro do episcopado latino-americano. Segundo o Papa, é significativo que o santo seja representado nos retratos como um “novo Moisés”. “No Vaticano, como sabeis, conserva-se um quadro onde aparece São Toríbio a atravessar um rio caudaloso, cujas águas se abrem à sua passagem, como se fosse o Mar Vermelho, para que ele possa chegar à outra margem onde o aguarda um numeroso grupo de indígenas. Atrás de São Toríbio, há uma grande multidão de pessoas, que é o povo fiel que segue o seu pastor na obra da evangelização”, disse o Papa.
A partir desta imagem o Papa desenvolveu sua reflexão a partir da figura de São Toríbio como o homem que soube chegar à outra margem: quis chegar à margem em busca dos afastados e dispersos; quis chegar à margem não só geográfica, mas cultural; quis chegar à outra margem da caridade; quis chegar à outra margem na formação dos seus sacerdotes e quis chegar à margem da da unidade.
O Santo Padre destacou que, para chegar aos afastados e dispersos, São Toríbio teve que deixar as comodidades do paço episcopal para percorrer o território, procurando chegar e estar onde precisavam dele. São Toríbio sabia que a única forma de pastorear era estar perto oferecendo os dons de Deus, ponderou o Papa. “A alegria do Evangelho é para todo o povo, não se pode excluir ninguém. Bem o sabia São Toríbio!”
Francisco também lembrou que São Toríbio promoveu uma evangelização na língua nativa, pois deu-se conta que não bastava alcançar o povo apenas fisicamente, mas era preciso aprender falar a língua dos outros, para que o Evangelho fosse compreendido e penetrasse no coração. “Como é urgente esta visão para nós, pastores do século XXI, que – só para dar um exemplo – temos de aprender uma linguagem completamente nova, como é a digital! Conhecer a linguagem atual dos nossos jovens, das nossas famílias, das crianças (…) A evangelização da cultura requer que entremos no coração da própria cultura, para que esta seja iluminada a partir de dentro pelo Evangelho”.
“Segundo o nosso Patrono, a evangelização não poderia acontecer sem a caridade”, disse o Papa recordando que São Toríbio também quis chegar à outra margem da caridade. Também quanto a isso o santo foi exemplo e lembrou que a caridade sempre deve estar acompanhada da justiça, “não há autêntica evangelização que não anuncie e denuncie toda a falta contra a vida dos irmãos, especialmente dos mais vulneráveis”, acrescentou Francisco.
Sobre a formação dos sacerdotes, o Papa lembrou que São Toríbio também promoveu a formação do clero nativo, compreendeu que a Igreja precisa gerar seus pastores locais. Ele também foi exemplo de um pastor próximo, que procurava acompanhar os sacerdotes e encorajá-los
Por fim, o Papa destacou a questão da unidade. São Toríbio, disse, promoveu a formação e integração de espaços de comunhão e participação entre as várias componentes do povo de Deus. E a partir desse exemplo, Francisco encorajou os bispos do Peru: “Queridos irmãos, trabalhai pela unidade, não fiqueis prisioneiros de divisões que reduzem e limitam a vocação a que fomos chamados: ser sacramento de comunhão. Não vos esqueçais do que atraía na Igreja primitiva: era ver como eles se amavam. Essa foi, é e será a melhor evangelização”.
Após o discurso, o Papa teve um momento de diálogo com os bispos. Terminado o encontro, ele seguiu para a Praça das Armas para a oração do Angelus com os jovens e os fiéis presentes. Ainda hoje, ele preside a Santa Missa na base aérea Las Palmas e se despede, assim, do Peru, retornando a Roma.
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