O plano tratará, a partir de 2018, 657 mil pessoas com hepatite C no Brasil
Da redação, com Ministério da Saúde
O ministro da Saúde, Ricardo Bastos, anunciou nesta quarta-feira, 1, um Plano Nacional para Eliminação da Hepatite C até 2030. A iniciativa foi divulgada publicamente na abertura da Cúpula Mundial de Hepatites 2017 – World Hepatitis Summit, em São Paulo (SP).
O evento — que reúne ministros da Saúde, especialistas em saúde pública e ONGs — foi palco para a discussão da necessidade da eliminação das hepatites virais em todo o mundo. A expectativa é que o plano trate 657 mil pessoas no Brasil. “O projeto de eliminação da hepatite C no Brasil é viável e já está em curso. Somos um dos primeiros países a colocarem em prática a proposta em discussão para o mundo”, afirmou Bastos.
“Atualmente, dos 155 mil pacientes notificados, metade já foram ou estão em tratamento. Além disso, iremos aumentar a testagem e diagnóstico da doença em toda a população. A expectativa é distribuirmos ano que vem o dobro de testes que distribuímos esse ano. Serão 12 milhões de testes para diagnóstico da doença”, ressaltou o ministro da Saúde do Brasil.
A estimativa de tratar 657 mil pessoas é menor do que a anterior, de 1,6 milhão de casos, e surgiu após revisão dos números, sob o apoio do Observatório Polaris, da Fundação Center for Disease Analysis (CDA), nos EUA, e da parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Com isso, a meta do Ministério da Saúde agora é tratar todos os pacientes diagnosticados, além de apresentar novas iniciativas para testar o máximo de pacientes.
“Assim como ocorreu com relação à epidemia de HIV, o Brasil está determinado a ser líder mundial na luta contra a hepatite C. Nosso plano de eliminação significa que, até 2030, a hepatite C não será mais uma ameaça à saúde pública no Brasil”, afirmou Adele Benzaken, diretora do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais do Ministério da Saúde.
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Tratamento para todos
O protocolo atual considera elegíveis para tratamento no SUS os pacientes mais graves, nas fases 2, 3 e 4, os pacientes com coinfecção com HIV e pacientes com comorbidades, como doença renal crônica e manifestações extra-hepáticas. O Plano de Eliminação prevê que todos os pacientes diagnosticados com a doença serão atendidos, a partir de 2018, independente do grau de comprometimento do fígado.
Os pacientes com maior gravidade terão prioridade. O comprometimento do fígado varia de F0 a F4, sendo que as pessoas com F0 e F1 passarão a fazer parte do protocolo. A expectativa é que a fila dos casos diagnosticados F3 e F4 acabará neste semestre. Até o primeiro semestre de 2018, os diagnosticados com F2 serão plenamente atendidos.
“Agora, o Ministério da Saúde irá realizar a compra dos tratamentos e não de medicamentos. E os laboratórios terão o preço máximo de U$ 3 mil por tratamento, que é metade do que é pago atualmente. Portanto, iremos ampliar ao acesso aos medicamentos para mais pessoas com um custo muito menor”, destacou o ministro Ricardo Barros.
A ampliação da oferta de tratamento para todos será possível devido à mudança na modalidade de compra do Ministério da Saúde, que condicionará o pagamento à indústria farmacêutica do tratamento à comprovação da cura do paciente. A expectativa é que, como aconteceu em outros países, o valor por tratamento caia de U$ 6,2 mil para U$ 3 mil. Essa economia possibilitará a inclusão de até três vezes mais pessoas do que as atendidas atualmente no SUS.
O Ministério da Saúde também incorporou novas tecnologias. A combinação Ombitasvir, Paritaprevir, Ritonavir, Dasabuvir (3D), é mais uma opção terapêutica para pacientes com hepatite C. O tratamento deverá ser ofertado aos pacientes até o final deste ano. As novas inclusões oferecem maiores possibilidades para o tratamento.
Atualmente, as hepatites virais são responsáveis por mais de 1 milhão de mortes por ano – e mais de 300 milhões de pessoas estão cronicamente infectadas pelas hepatites B ou C. Em 2016, o Brasil registrou 42.830 casos de hepatites virais. Os dados fazem parte do Boletim Epidemiológico de Hepatites.