As mudanças climáticas e a urbanização são também responsáveis por este número expressivo
Thiago Coutinho,
Da redação
A incidência de raios e trovões tende a aumentar conforme o verão se aproxima. O Brasil, nos últimos seis anos, segundo pesquisa realizada em 2017 pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), registrou quase 78 milhões de raios por ano. A previsão para este ano é que estes números se mantenham na média histórica.
As mudanças climáticas que estão acometendo o planeta nas últimas décadas são algumas das grandes responsáveis pelo expressivo aumento de raios. Fenômenos como La Niña e El Niño, por exemplo, fizeram com que mais raios atingissem as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país, informou o ELAT em entrevista enviada por meio de sua assessoria de imprensa.
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Esses fenômenos, porém, não são os únicos causadores deste problema. Outro fator que tem contribuído para este aumento expressivo da incidência de raios é a urbanização nas grandes cidades, que causam um aumento acentuado da temperatura e da poluição. O aquecimento global, segundo análises do ELAT, pode causar mais raios, mas seus efeitos ainda são difíceis de serem observados.
Os raios em números
As capitais com maior densidade de raios por quilômetro quadrado por ano são: Rio Branco (30,13), Palmas (19,21), Manaus (18,93), São Luís (15,12), Belém (14,47) e São Paulo (13,26). Já as capitais em que há maior probabilidade em se morrer atingido por um raio são: Porto Velho, Boa Vista, Campo Grande, Rio Branco e Palmas.
O Rio Grande Sul é o estado com maior concentração de raios no país — e também os mais destrutivos. Sergipe, por outro lado, é o estado que tem a menor concentração de raios no Brasil.
Para as analisar as circunstâncias de morte, são levados em conta fatores como o número de habitantes de dada região, cultura e costumes. A região Sudeste concentra o maior número de habitantes e, por isso, registra maior número de mortes por raio.
Lendas, mitos e curiosidades
Um raio pode ou não atingir um mesmo lugar? De acordo com estudos do ELAT, isto é absolutamente falso. O Cristo Redentor, segundo dados da entidade, recebe cerca de seis raios por ano.
Espelhos também não atraem raios. Esta crença surgiu numa época em que os espelhos eram emoldurados com metal — isto, sim, um grande atrativo para os raios. Sendo assim, não há a menor necessidade de se cobrir um espelho durante uma tempestade.
A luz produzida pelo raio é praticamente instantânea para quem a vê. Mas o som, não. A física explica: a luz se propaga a uma velocidade de 300.000 km/segundo, já o som se propaga a 340 metros por segundo, ou 1224 km por hora. Sendo assim, para obter uma distância aproximada da queda de um raio, em quilômetros, basta contar o tempo (em segundos) entre o momento em que se vê o raio e se escuta o trovão e dividir o resultado por três.
Cuidados
Alguns cuidados são necessários e devem ser tomados quando se está diante de uma tempestade. É preciso evitar, por exemplo, falar ao telefone com fio ou ligado à tomada. Permanecer longe de tomadas, janelas e portas metálicas e evitar tocar em quaisquer equipamentos elétricos ligados à rede elétrica.
Áreas abertas como campos de futebol, estacionamentos e quadras de tênis também são perigosos e devem ser evitados durante uma tempestade.