Ao condenar o desperdício, Francisco disse que não basta se impressionar e se comover diante de quem passa fome, é preciso agir
Da Redação, com Rádio Vaticano
O Papa Francisco enviou uma mensagem nesta sexta-feira, 14, à Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) por ocasião do Dia Mundial da Alimentação, celebrado 16 de outubro. Francisco abordou inicialmente a questão das mudanças climáticas, pedindo que as decisões do Acordo de Paris não fiquem somente nas palavras, mas se tornem decisões concretas.
O Papa Francisco rechaçou o atual modelo mundial de produção de alimentos que, segundo ele consente que cerca de 800 milhões de pessoas passem fome.
“No setor de atuação da FAO, está crescendo o número daqueles que pensam que são onipotentes e podem ignorar o ciclo das estações ou modificar indevidamente as diferentes espécies de animais e plantas, provocando a perda desta variedade que, se existe na natureza, significa que tem – e há de ter – uma função”, observou o Papa.
Sabedoria ancestral
No contexto das manipulações genéticas, o Papa observou ainda que obter uma qualidade que dá excelentes resultados em laboratório pode ser vantajoso para alguns, mas pode ter efeitos desastrosos para outros.
Neste ponto, Francisco convida a dar a devida atenção à sabedoria dos produtores rurais.
“Esta sabedoria que os agricultores, os pescadores, os pecuaristas conservam na memória das gerações, e que agora vêm como está sendo ridicularizada e esquecida por um modelo de produção que beneficia somente pequenos grupos e uma pequena porção da população mundial”, denunciou o Papa.
Pessoas excluídas
O Papa recordou ainda que as mudanças climáticas também contribuem para que a mobilidade humana não pare.
“Os dados mais recentes revelam que são cada vez mais os migrantes climáticos, que engrossam as filas desta caravana dos últimos, dos excluídos, daqueles a quem é negado um papel na grande família humana. Um papel que não pode ser outorgado por um Estado ou por um status, mas que pertence a cada ser humano enquanto pessoa, com sua dignidade e seus direitos”, apontou.
Distribuição justa
Ao condenar o desperdício de alimentos, o Papa disse que já não basta se impressionar e se comover diante de quem, em qualquer latitude, pede o pão de cada dia.
“É necessário decidir-se e atuar. Muitas vezes, também enquanto Igreja católica, recordamos que os níveis de produção mundial são suficientes para garantir a alimentação de todos, com a condição de que haja uma justa distribuição”, disse.
A mensagem do Papa termina com um apelo para uma mudança de rumo, à qual todos estamos chamados a cooperar.
“Cada um em seus âmbitos de responsabilidade, mas todos com a mesma função de construtores de uma ordenação interna nos países e uma ordenação internacional, que permita que o desenvolvimento não seja somente uma prerrogativa de poucos, nem que os bens da criação sejam patrimônio dos poderosos”.