Jornadas de Comunicação em Portugal debatem estratégias para o setor
Da redação, com Agência Ecclesia
O professor Fernando Ilharco, da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa, disse nesta sexta-feira, 23, em Fátima, que o desafio que a Igreja enfrenta no atual mundo comunicacional é “captar a atenção” das pessoas.
O especialista falava na abertura do segundo e último dia de trabalhos das Jornadas Nacionais de Comunicação Social, que reúnem cerca de cem profissionais e responsáveis do setor, das várias dioceses portuguesas.
Numa conferência sobre o tema ‘Ideias e ações para um Plano de Comunicação na Igreja Católica em Portugal’, Fernando Ilharco sublinhou que a comunicação contemporânea tem um maior peso da “intuição” face à lógica, com prevalência do “imediato, da superficialidade”.
Segundo o responsável, o grande desafio é, por isso, “captar a atenção” num “ambiente de estimulação constante”.
“Um desastre, um acidente, um fracasso, desde que seja grande, é um sucesso de comunicação”, exemplificou, afirmando que a atenção tende a ser captada pelo que é “mais sensacional”.
Numa situação de crise, acrescentou, é necessário “dizer alguma coisa” e “nunca tratar os media como adversários”.
“Comunicar mal, de uma forma amadora, é um tiro no pé”, alertou.
Uma Boa História
O especialista propôs uma aposta em “histórias” concretas, com “atores, com motivos, com causas e consequências”, para comunicar melhor num ambiente mais emocional.
Fernando Ilharco pediu que se considere a “dificuldade de encontrar o relevante” por causa da abundância de informação, num contexto marcado pela “inovação, mudança, novidade”.
As “potencialidades imensas das tecnologias da informação” não podem ser ignoradas pela Igreja Católica, tendo em conta que o ambiente digital, hoje em dia, é o “mais natural na comunicação”.
Para Fernando Ilharco, uma estratégia comunicacional deve ser hoje “tão mais simples quanto possível, duas ou três ideias-chave, porque o ambiente é muito confuso”.
O responsável deixou três ideias-chave para esta estratégia: falar do “ser cristão hoje”; “proximidade e cuidado”; “participar na sociedade”.
Outra necessidade, prosseguiu, passa por garantir presença “no mundo dos media sociais”, estabelecer uma relação com os jornalistas e promover o treino em “comunicação digital e comunicação de crise”.
As jornadas de Comunicação Social têm como tema, em 2016, ‘Pensar a Comunicação da Igreja em Portugal’.
“Jesus é a mais espantosa história de sempre. Isso é um ativo imenso da Igreja, hoje em dia”, disse Fernando Ilharco.
O especialista admitiu que está em causa um “desafio vasto, imensamente complexo, com milhões de atores e sobre a história mais espantosa de sempre”.
O docente universitário propôs a criação de uma plataforma comunicacional para as dioceses portuguesas, com a ajuda da rede social Facebook, que permita partilhar as “melhores práticas” na comunicação digital da Igreja e abra a possibilidade de que qualquer pessoa coloque perguntas sobre “problemas que está a enfrentar”.
“Não podemos estar sempre descobrindo a pólvora”, precisou.
As jornadas tinham começado esta quinta-feira, 22, com dois painéis dedicados ao tema das jornadas – Comunicação na Igreja em Portugal – com intervenções de responsáveis diocesanos e debate.