Especialista apresenta causas e tratamento da trombose, doença que atinge cerca de 1,5 milhão de brasileiros
Denise Claro
Da redação
Nesta sexta-feira, 16, é comemorado o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Trombose, data instituída pelo Congresso Nacional em 2009.
A doença, também chamada de TPV (Trombose Venosa Profunda) ou flebite, é causada pela coagulação do sangue no interior das veias, em um local ou momento não adequados. As veias mais comumente acometidas são as dos membros inferiores (cerca de 90% dos casos, segundo o site da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular) e os sintomas mais comuns são inchaço e dor.
A doença atinge cerca de 1,5 milhão de brasileiros e é responsável por 20% dos casos de AVC registrados.
O cirurgião vascular Dr. Guilherme Silveira ressalta que a trombose acontece quando a circulação do retorno venoso é lenta, como em pacientes acamados por muito tempo ou com varizes importantes; quando existe algum fator que leva o sangue a coagular mais do que deveria ou quando há lesões na parede da veia.
Para o especialista, a gravidade está nas consequências da trombose. “A TVP é considerada uma patologia grave basicamente por dois motivos: sua principal complicação é a Embolia Pulmonar, quando um coágulo se desloca para o Pulmão (uma das maiores causas de morte súbita no mundo), e segundo porque pode evoluir, principalmente quando não tratada adequadamente, para Síndrome Pós Flebítica, que cursa com Insuficiência Venosa grave, levando à incapacidade laborativa.”
O aposentado Nilton Villela passou por esta experiência, há três anos. “Após uma cirurgia de ponte de safena, e de passar vinte dias no hospital, tive trombose, o que levou posteriormente a uma embolia pulmonar. Já tinha recebido alta e estava em casa quando desmaiei. Precisei voltar para o hospital e ficar mais quarenta dias, muitos deles na UTI.”, diz Nilton.
O tratamento, segundo o especialista, se faz por acompanhamento com um angiologista ou um cirurgião vascular, para detectar desvios na evolução da doença e fazer as correções necessárias.
Nilton Villela diz que foi preciso obedecer aos médicos: “Não foi fácil, mas ia sempre às consultas e obedecia às orientações do médico, colocando os pés para cima várias vezes ao dia, e tomando medicação anticoagulante, para afinar o sangue. Em pouco tempo, havia me restabelecido.”
Anticoncepcionais e Trombose
Dr. Guilherme alerta para os fatores de risco anteriores às cirurgias, ou seja, históricos que o paciente já apresentava e que agravaram o quadro, como o uso de anticoncepcional e o tabagismo.
“O uso de anticoncepcionais estrogênicos altera a coagulação do sangue, fazendo-o mais viscoso, mais propenso a formar coágulos. Além disso, alguns anticoncepcionais irritam a parede interna das veias, funcionando como pequenas lesões que servem de base para a formação de coágulos. Se essas medicações estiverem acompanhadas de tabagismo, seu potencial de provocar TVP fica enormemente aumentado.”
A secretária executiva Isabela Franco sabe bem desta triste realidade. “Aos 13 anos iniciei um tratamento com anticoncepcional devido a ovários policísticos e endometriose. Tomei dois tipos de contraceptivos diferentes. Aos 21 tive uma crise renal muito forte e precisei de uma cirurgia de emergência. Após a cirurgia, tive trombose na perna direita que evoluiu para embolia pulmonar, derrame da pleura e por fim, sepse. Os médicos me deram 48 horas de vida.”, conta a jovem.
Isabela ressalta seu espanto em relação à causa da trombose. “Fiquei passada quando descobri que o motivo de todas essas complicações havia sido o anticoncepcional. Tive que parar imediatamente e encontrar alternativas para o tratamento que fazia. A notícia que mais me derrubou na época foi a de que eu não poderia ter filhos. Felizmente, hoje sou casada e tive dois lindo filhos, mas levanto a bandeira contra o uso de anticoncepcionais, pois quase tiraram a minha vida, no auge da minha juventude”.
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