O Papa pediu que os mais pobres, desprezados e marginalizados, sejam alvo dos cuidados, assistência e das estruturas sanitárias públicas e particulares
Da Redação, com Rádio Vaticano
Após a Audiência Geral desta quarta-feira, 31, o Papa se dirigiu ao Centro de Congressos Fieira de Roma, onde pronunciou um discurso aos participantes do Congresso Mundial de Cardiologia, promovido pela Sociedade Europeia de Cardiologia. Participam do evento 35 mil médicos provenientes de 140 países.
Ao agradecer a todos pelo compromisso científico e pela dedicação aos tantos enfermos, Francisco disse que o “coração” se reveste de tantas simbologias.
“Pelas suas mãos passa o centro pulsátil do corpo humano. Portanto, a sua responsabilidade é grande! Tenho certeza de que, diante deste livro da vida, que ainda tem tantas páginas para serem preenchidas, os senhores agem com trepidação e senso de temor”.
Igreja e Ciência
O Magistério da Igreja, disse o Pontífice, sempre afirmou a importância da pesquisa científica sobre a vida e a saúde das pessoas. Também hoje a Igreja não só os acompanha neste caminho tão árduo, mas se faz promotora e propulsora no seu trabalho para o bem das pessoas.
“A natureza em toda a sua complexidade, como também a mente humana são criaturas de Deus. O estudioso pode e deve investigá-las, sabendo que o desenvolvimento das ciências filosóficas e empíricas e das competências práticas, que servem aos mais frágeis e doentes, é um serviço importante que se inscreve no projeto divino”.
A abertura à graças de Deus, feita pela fé, explicou o Papa, não fere a mente. Pelo contrário, a impele a um conhecimento da verdade mais amplo e útil em prol da humanidade.
No entanto, acrescentou Francisco, sabemos que também o cientista nunca é imparcial na sua descoberta. Ele é portador da sua história e do seu modo de ser e pensar. Cada um sente a necessidade de uma espécie de purificação, que distancia a toxinas e envenenam a razão na busca da verdade e da certeza, que leva a observar, com maior intensidade, a essência das coisas.
O Papa afirmou que não se pode negar que o conhecimento, mesmo o mais preciso e científico, precisa progredir através de questionamentos sobre a origem, o sentido e a finalidade da realidade, inclusive sobre o homem. No entanto, as ciências naturais e físicas sozinhas não são suficientes para compreender o mistério que cada um traz em si.
Descarte
“Se olharmos o homem na sua totalidade – desculpem se insisto neste tema – também podemos visar, com particular intensidade, os mais pobres, os mais desprezados e marginalizados. Que eles também sejam alvo dos seus cuidados, assistência e das estruturas sanitárias públicas e particulares. Que não haja descartados nesta cultura que nos é proposta.”
O Papa disse que com a sua preciosa atividade, os médicos podem contribuir para sarar o corpo do doente e, ao mesmo tempo, ter a responsabilidade de verificar que há leis impressas na própria natureza que ninguém pode violar, mas apenas “descobrir, usar e dispor”, para que a vida possa corresponder sempre mais às intenções do Criador.
Por isso, concluiu Francisco, é importante que o homem da ciência, enquanto se confronta com o grande mistério da existência humana, não se deixe arrastar pela tentação de sufocar a verdade.
Francisco renovou seu apreço pelo trabalho dos médicos e disse espontaneamente: “Eu também estive nas mãos de alguns de vocês”. “Peço ao Senhor que abençoe a pesquisa e os cuidados médicos, de modo que possa chegar a todos o alívio do sofrimento, uma maior qualidade de vida e um progressivo sentido de esperança e aquela luta de todos os dias acrescentou o Papa para que não haja descartados na vida humana”.