Refugiado que organiza o evento acredita que o futebol auxilia na divulgação da situação dos refugiados no Brasil
Monique Coutinho
Da Redação
“Refugiado, espaço, oportunidades” é o tema da 3ª edição da Copa de Integração dos Refugiados, que acontece no Sesc Itaquera, em São Paulo. As eliminatórias, semifinal e final começam neste domingo, 10, e acontecem também nos dias 16 e 17 de julho. A Copa envolve 26 times de diferentes nacionalidades desde maio desse ano.
O evento tem como maior objetivo criar uma solidariedade entre os refugiados e lutar contra os preconceitos e discriminação existentes contra eles. A Copa contará também com muita música e oferecerá atividades paralelas para as mulheres e crianças refugiadas.
Apoio da Cáritas
A Caritas Arquidiocesana de São Paulo auxilia os refugiados na organização da Copa, desde a primeira edição. A instituição auxilia na autonomia dos refugiados para que, cada vez mais, possam ser protagonistas do movimento. De acordo com a coordenadora do Centro de Referência para Refugiados de São Paulo, Maria Cristina Morelli, essa integração não é apenas por parte dos refugiados, mas também de toda a população.
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“A integração não é só por parte deles, mas para que também a cidade de São Paulo, os órgãos públicos, organizações da sociedade civil e a população da cidade tomem conhecimento de que há, na capital paulista, imigrantes em situação de refúgio, e essas pessoas não estão fugindo do seu país de origem por terem cometido um crime, mas sim para salvar suas vidas.”
Desafios enfrentados pelos refugiados
Diante dessa realidade, o organizador do evento e também refugiado Jean Katumba afirma que um dos maiores desafios enfrentados é compartilhar a dor que sentem, uma vez que ainda existem preconceitos dos brasileiros para com eles.
“A maioria pensa que a gente fugiu da fome para vir ao Brasil, que aqui vai acabar a fome de todo mundo. As coisas não são assim. Nós fugimos para salvar as nossas vidas.”
Katumba, que é congolês e está no Brasil com a sua família há quatro anos, acredita que o futebol é um esporte que auxilia na divulgação da real situação dos refugiados, dialogando diretamente com a mídia e com diferentes lugares e culturas, incluindo o Brasil. “Para mim, o jogo de futebol é uma coisa que ronda as pessoas, independente de qualquer coisa, seja religião ou nacionalidade, ele envolve a todos”.
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Para reverter a situação do preconceito, a Caritas se dispõe como motivadora e animadora do evento, apoiando-os e motivando a fazer a Copa acontecer. “A Caritas motivou e organizou, junto com os refugiados, a primeira Copa. Hoje, ela tem um papel mais de motivadora, de animadora e de fazer com que esse evento se torne público também, apoiando os refugiados para fazerem o movimento acontecer. O papel da Caritas é de apoiadora deste evento”, afirma Maria Cristina.
Além de motivar, a Caritas oferece seus espaços físicos para reuniões, envolvendo a coordenação, times e parceiros. “A Caritas abre suas portas para ajudá-los a promover a Copa efetivamente, para que possam fazer reuniões, motivando também seus próprios parceiros Caritas, a participar da Copa também”.
Mudança de nome
Este ano, houve uma alteração no nome do evento, passou de Copa dos Refugiados para Copa de Integração dos Refugiados, para impactar a inclusão deles no país. Maria Cristina afirma que as pessoas já reconhecem a atividade e, cada vez mais, estâncias públicas estão se envolvendo, o que amplifica ainda mais o assunto.
“Essa Copa é bem conhecida (…), e tem envolvido cada vez mais secretarias (Secretaria dos Direitos Humanos, Secretaria do Esporte, Secretaria da Ciência Social). Isso é bastante importante, porque torna essa atividade algo de compromisso e responsabilidade de todos nós no município de São Paulo.”