Dom Antônio explica a declaração do Papa Francisco sobre número de filhos na família, destacando a paternidade e a maternidade como um dom de Deus
Dom Antonio Augusto Dias Duarte
Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro
O modo de falar do Papa Francisco sobre a reprodução dos coelhos, que é muito numerosa em cada ninhada, comparando-a com a procriação humana, ecoou pelo mundo como se fosse um trovão estrondoso.
O pronunciamento do Romano Pontífice deu-se na entrevista habitual que se tem nas viagens papais, e como é comum a mídia internacional divulgou essa comparação como se fosse uma trovoada em cadeia.
Mas o que falou o Papa Francisco realmente?
Falou que a paternidade/maternidade não é puramente um fenômeno biológico reprodutivo, mas é um dom que Deus concedeu apenas ao homem e à mulher, como uma forma de que eles, através do amor vivido no casamento, colaborarem com o seu poder Criador.
Como era de esperar depois da trovoada sensacionalista feita pela mídia escrita e televisiva, os antinatalistas e propagandistas dos meios anticoncepcionais reforçaram suas teses a respeito do controle de natalidade, tentando atrair para seu lado o Papa Francisco, que não tem a mínima intenção de “mudar de time”.
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O amor matrimonial não deve ser controlado, muito menos pelos antinatalistas que ocupam cadeiras em Congressos, ou em serviços do Estado, ou em organismos internacionais.
A Doutrina da Igreja Católica sobre a paternidade/maternidade responsável é clara, objetiva, respeita a liberdade do casal e, principalmente, é propositiva, enquanto favorece a formação de famílias bem construídas e estruturadas em torno do Amor, e não de técnicas e de comprimidos controladoras da ação mais íntima e sagrada que os casados vivem no seu relacionamento.
O número de filhos, que um casal deseja livremente ter, iluminado por esse Amor e orientado por pessoas bem criteriosas e especialistas na regulação da fertilidade humana, nunca será “uma ninhada de coelhos”, mas sim dons divinos que irão enriquecer o relacionamento dos esposos e solidificar cada vez mais os relacionamentos entre os irmãos e as amizades no âmbito escolar e social.
O que não se pode mais continuar aceitando num mundo democrático e plural é a intromissão de pessoas, que em nome da responsabilidade no âmbito da paternidade/maternidade, acabam criando um mundo com poucos ou nenhum pais, e transformando o amor entre o homem e a mulher num simples exercício de sexo e de reprodução biológica.
“Nunca ouvi ninguém dizer no fim da vida que teria desejado ter um filho a menos, mas ouvi muitas pessoas dizerem que gostariam de ter tido ao menos mais um filho”, testemunho de Kimberly Hahn, autora do livro Life-giving Love, editado no Brasil com o título “O Amor que dá vida”.
Nessas palavras francas e cheias de carinho para com os pais que souberam ser responsáveis na geração e educação dos seus filhos, encontramos um argumento forte a favor da harmonia natural existente entre amor e vida.
Mas, só para não deixar nenhuma sombra, nem trovões ribombando, sobre a figura do Papa Francisco, o óbvio deve ser sempre repetido incansavelmente: os filhos são sempre dons do Amor de Deus ao amor humano dos pais!!! Os coelhos continuarão ser sempre produtos das leis biológicas que Deus colocou nos seus corpos, e nada mais do que produtos.