Contracepção

Bispo comenta declaração do Papa sobre paternidade responsável

Dom Petrini destaca o estilo de comunicação de Francisco que dirige-se principalmente às pessoas simples

Da Redação, com CNBB

Dom João Carlos Petrini, presidente da Comissão Vida e Família da CNBB / Fonte: CNBB

Dom João Carlos Petrini, presidente da Comissão Vida e Família da CNBB / Fonte: CNBB

O Bispo de Camaçari (BA) e presidente da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da CNBB, Dom João Carlos Petrini,  comentou a declaração feita pelo Papa Francisco na coletiva que aconteceu nesta segunda-feira, 19, após a visita pastoral à Ásia, no voo de Manila para a Roma.

Entre os assuntos abordados, o Pontífice foi questionado sobre o que diria às famílias que tinham mais filhos do que podiam criar e sobre as proibições da Igreja Católica referente ao controle artificial de natalidade. A resposta do Santo Padre reiterou o que a Igreja defende: uma paternidade responsável, de forma que os cristãos não precisam “ser como coelhos”, tendo filhos em série.

Dom Petrini afirmou que o Papa Francisco não deixa de surpreender os observadores com seu estilo que quebra protocolos e fala dirigindo-se principalmente às pessoas simples do que aos teólogos e intelectuais em geral. Ele destaca que na entrevista dada durante a viagem de retorno das Filipinas, o tom era evidentemente coloquial.

“E nesse tom fala de realidades importantíssimas. Em primeiro lugar, alude a uma mentalidade que, especialmente a partir dos anos 60 fala em tons alarmistas da ‘explosão demográfica’, alegando que a pobreza de muitos povos se deve a uma espécie de ânsia reprodutiva dos mais pobres. Por esse caminho, muitos países alcançaram taxas negativas de natalidade, com graves problemas sociais, tais como o envelhecimento da população, isto é, com a presença de um contingente de idosos muito mais numeroso que de jovens. Isto gera graves desequilíbrios na sociedade, podendo levar à falência as caixas de governos que não têm como pagar os benefícios previdenciários dos idosos e seus cuidados médicos”, explica Dom Petrini.

Dignidade humana

Sobre o conceito de “paternidade responsável” expressado pelo papa durante a coletiva, Dom Petrini diz que o pontífice referiu-se à paternidade responsável, que é um conceito usado pela Igreja há muito tempo e incorporado pelo Beato Papa Paulo VI na Encíclica Humanae Vitae, de 1968.  O Bispo explica que o conceito foi sempre mais popularizado e está presente no Catecismo da Igreja Católica, de 1992.

“O número 2368 deste documento afirma: ‘Um aspecto particular desta responsabilidade diz respeito à regulação dos nascimentos. Por razões justas, os esposos podem querer espaçar os nascimentos de seus filhos’. Paternidade responsável é, então, a atitude dos esposos que, avaliando suas condições (econômicas, de saúde, etc.) decidem quando ter um filho e quando esperar. O mesmo número acima recordado acrescenta: ‘Cabe-lhes verificar que seu desejo não provém do egoísmo, mas está de acordo com a justa generosidade de uma paternidade responsável’. O papa recorda o que sempre a Igreja disse: que não corresponde à dignidade humana agir por puro instinto, pois atitudes dominadas pelo instinto são próprias dos animais”, comenta o bispo.

Métodos contraceptivos

Entre os questionamentos apresentados pelos jornalistas, ao Papa, foi abordada a questão dos métodos contraceptivos. Dom Petrini recorda que Francisco disse conhecer muitos métodos que são eficazes para regular a fecundidade e que não são artificiais.

.: Conheça o método Billings, meio científico e natural de planejamento familiar

“De fato, nos últimos anos, a ciência médica tem avançado muito no aprimoramento de métodos naturais que dão ao casal a possibilidade de regular o número de filhos. Trata-se de métodos que exigem e promovem um entrosamento entre os esposos, um permanente diálogo, uma sintonia fina, isto é, atitudes que constituem uma extraordinária riqueza em suas relações íntimas. Os interesses dominantes são mais favoráveis a outros métodos que necessitam de artefatos produzidos por indústrias e que, portanto, rendem lucros ingentes. Essa é a razão principal pela qual estes métodos veiculam intensa propaganda e recebem o consenso de todas as formas de poder”.

Ainda, sobre os métodos contraceptivos, Dom João Carlos Petrini destaca que Igreja sempre esteve preocupada em zelar para que nada de externo ou artificial se interponha na expressão da intimidade, na vivência do amor humano.

“Este cuidado visa não tirar a responsabilidade de uma das partes, quase sempre o homem, nos cuidados com os efeitos das relações sexuais, porque isto poderia transformar a sexualidade num lazer e a mulher num brinquedo. Nesses casos, poderiam faltar a consideração e o respeito necessários para que o relacionamento entre homem e mulher se desenvolva na plenitude da dignidade e seja fonte de satisfação e verdadeira realização humana”.

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo