Mundial de futebol

Igreja critica Copa como via lucrativa de "interesseiros"

“Visar lucro, isso nunca foi esporte”, disse bispo durante coletiva de imprensa em Aparecida/SP

André Cunha
Enviado especial à Aparecida/SP

Dom Anuar

Dom Anuar, bispo referencial da Pastoral do Turismo. FOTO: André Cunha

O mundial de futebol está se aproximando e a Igreja Católica se mobiliza com propostas de ações para os dias do evento esportivo.

A apresentação das ações se deu na tarde desta terça-feira, 6, durante uma coletiva de imprensa, dentro da programação da 52ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, que acontece em Aparecida, São Paulo.

O bispo referencial da Pastoral do Turismo, Dom Anuar Battisti, fazendo analogia ao futebol, disse que a Igreja também quer entrar em campo e marcar a favor da vida.

Neste sentido, a instituição publicou um material informativo no qual também destaca alguns pontos negativos na realização do mundial. Segundo Dom Anuar, a utilização do evento como forma de lucro é a principal preocupação.

“É a exploração, transformando o esporte em lucro, num comércio, dado a corporações para visar lucro e isso nunca foi esporte. Esporte é congraçamento, é integração e, como diz o Papa, é alegria e nunca para visar lucros para grupos interesseiros”.

Outra preocupação da Igreja é a relação dos brasileiros com os turistas. Segundo o bispo, estes recebem, pela mídia internacional, uma imagem negativa, apenas destacando a violência e outros problemas no país.

“O brasileiro não é isso”, contestou. “Nós sabemos que somos um povo alegre, hospitaleiro e nós queremos mostrar este rosto bonito para os turistas acolhendo bem, preparando as comunidades para acolher o turista. Saibamos que o turista que vem não é um cara maldoso, como nós também não somos maus; eles e nós somos pessoas do bem. Por isso, nossa principal característica é acolher bem”.

Dom Anuar detalhou ainda que existem projetos para as cidades-sedes, incluindo a proposta de um show católico em Curitiba, no dia de Corpus Christi, por conta dos jogos antes e depois da data.

Sobre as manifestações contra o mundial, o bispo disse que a posição da Igreja é, antes de tudo, contra a violência. “A nossa primeira palavra é condenar todo ato violento. Condenação, cartão vermelho para todo ato de violência, venha de onde vier. Nós não podemos construir uma sociedade mais justa e mais fraterna através da violência, mas sim através da justiça e da paz”.

Teologia, Ecumenismo e Diálogo inter-religioso

Além da Copa do Mundo 2014, os bispos reunidos em Aparecida também refletiram sobre a Teologia no Brasil, como explicou o Arcebispo de Brasília, Dom Sérgio da Rocha, também presidente da Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé.

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(Da esquerda para direita) Dom Francesco Biasin, Dom Sérgio da Rocha, Dom Anuar Battisti e Dom Dimas Lara. FOTO: André Cunha

De acordo com o bispo, a Teologia no país tem crescido, assim como, a pluralidade dos discursos teológicos. Dom Sérgio destacou a importância dos teólogos, sobretudo, neste momento de renovação pastoral da Igreja.

A presença da Teologia das universidades, o diálogo com as ciências da religião e a formação para o serviço teológico, foram alguns dos desafios apontados. Por fim, os bispo disse que é preciso valorizar o serviço dos teólogos. “Não só dos clérigos, mas também dos leigos e leigas. Há uma necessidade hoje do aprofundamento da identidade teológica da Igreja”, considerou.

Já o bispo da Diocese de Barra do Piraí, Dom Francesco Biasin, destacou a questão do ecumenismo e do diálogo inter-religioso no Brasil. Segundo ele, o clima de diálogo na Igreja é muito favorável, principalmente, por causa da figura do Santo Padre.

“A presença do Papa Francisco favorece enormemente o diálogo ecumênico e inter-religioso. Pude notar em Roma, durante um evento, uma grande simpatia, diria até empatia, em relação à presença, à pessoa do Papa Francisco. Queremos valorizar este momento para semear sementes de oração, de paz, para contribuir com a paz no mundo e o diálogo entre todas as várias ideologias existentes”, disse o presidente da Comissão para o Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso da CNBB.

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