Dom Paulo Mendes Peixoto destaca que a Exortação Apostólica Catechesi Tradendae, de João Paulo II, foi uma grande motivadora da catequese no Brasil e no mundo
Jakeline Megda D’Onofrio
Da Redação
Dentre os documentos que João Paulo II deixou para a Igreja está a Exortação Apostólica Catechesi Tradendae, que revela a preocupação com a questão da catequese. Escrito em 16 de outubro de 1979, o documento coloca Cristo como centro e fonte de toda catequese, sendo a Igreja esse depósito da fé. João Paulo II relata que, na vida da Igreja e em toda a história, a catequese sempre foi importante para a evangelização e a formação dos homens.
“O cristocentrismo na catequese significa também que, mediante ela, se deseja transmitir, não já cada um a sua própria doutrina ou então a de um mestre qualquer, mas os ensinamentos de Jesus Cristo, a Verdade que Ele comunica, ou, mais exatamente, a Verdade que Ele é (12). Tem que se dizer, portanto, que na catequese é Cristo, Verbo Encarnado e Filho de Deus, que é ensinado — e todo o resto sempre em relação com Ele; e que somente Cristo ensina; qualquer outro que ensine, fá-lo na medida em que é seu porta-voz, permitindo a Cristo ensinar pela sua boca”, escreve João Paulo II na exortação.
Para Dom Paulo Mendes Peixoto, arcebispo de Uberaba (MG), esse documento de João Paulo II teve grande influência e motivação na catequese no Brasil e em todo o mundo. Ele afirma ainda que catequizar foi uma das principais preocupações de João Paulo II.
Dom Paulo, que também é membro da Comissão Animação Bíblico-catequética da CNBB, enfatiza que a catequese deve ser missionária, com renovação, equilíbrio, métodos, linguagens e integridade de conteúdo. Segundo ele, essa foi a principal mensagem que João Paulo II escreveu na Catequesi Tradendae. O documento revela uma preocupação com a importância de levar a verdadeira catequese anunciada por Jesus e transmitida pelos apóstolos.
“Quando dizemos de uma nova catequese dentro da iniciação da vida cristã, não é diferente daquilo que a Cathequesi já vinha propondo, talvez com uma linguagem um pouco diferente. Com essa exortação, o beato João Paulo II estava dando as bases de uma catequese mais comprometida com a vida, com a Palavra de Deus e com a liturgia. Ele diz que ela [catequese] é um espaço de evangelização, no qual devem ser usados os métodos pedagógicos, com uma linguagem que o povo compreenda. É importante destacarmos essa ligação que João Paulo II já fazia com a Palavra de Deus, com a catequese e a liturgia. Esses três aspectos são muito trabalhados hoje, mas já foram citados na Cathequesi Tradendae”.
Nos dias de hoje, Dom Paulo explica que um dos métodos que a catequese mais tem utilizado é o uso mais frequente da Bíblia, principalmente no que diz respeito à leitura orante da Palavra, bem como a participação na vida da comunidade e nas celebrações.
Uma das preocupações é referente à catequese dos adultos, pois, segundo o arcebispo, muitos pais não estão preparados para essa missão de catequizarem seus filhos. Nesse sentido, a catequese das crianças e dos jovens muitas vezes não têm sido assumida pelos pais, uma vez que estes mesmos não são catequizados.
“Na sociedade atual, os pais estão ‘terceirizando’ a formação dos filhos, jogando-a para a escola, para a catequese; o que, na verdade, deveria ser feito por eles mesmos. A Catequesi Tradendae de João Paulo II diz que nós temos de mostrar a nossa identidade de cristão, sendo coerentes no nosso agir e nos espelhando na coragem dos santos, na esperança que eles tinham e também no entusiasmo deles”, concluiu Dom Paulo.