Dom Angélico Sandalo fala sobre a convocação do Concílio Vaticano II, citando as inspirações de João XXIII
André Alves
Da Redação
A Constituição Apostólica Humanae Salutis, escrita pelo Papa João XXIII, em 25 de dezembro de 1961, convocou oficialmente o Concílio Vaticano II. No texto, João XXIII faz uma averiguação do cenário do mundo na época e expôs suas principais motivações para a realização do maior evento católico dos últimos tempos.
Segundo ele, a Igreja, já no século XX, assistia à grave crise da sociedade. Tratava-se de um novo tempo para a humanidade e pesavam sobre a Igreja obrigações de gravidade e amplitude imensas, “como nas épocas mais trágicas da sua história”.
O bispo emérito de Blumenau (SC), Dom Angélico Sandalo, explica que a Europa estava muito ferida no período em que foi convocado o Concílio; era um pós-guerra. “Um momento de transição para a sociedade e um clima de muito pessimismo”.
No entanto, o próprio João XXIII afirmou na Humanae Salutis que estas “dolorosas averiguações” convocaram a Igreja a uma postura de vigilância e fez despertar seu senso da responsabilidade.
“Almas sem confiança veem apenas trevas tomando conta da face da terra. Nós, porém, preferimos rearmar toda a nossa confiança em nosso Salvador, que não se afastou do mundo, por ele remido”, disse o Papa.
Em meio ao cenário de guerras, revoluções e avanços científicos e tecnológicos, Deus enviou um pastor atento às realidades do mundo. “Veio esse Papa [João XXIII] com alegria, dizendo de renovação da Igreja. Um papa que dizia: uma Igreja que realmente esteja bem perto das alegrias, das tristezas, das lágrimas dos homens do nosso tempo”, disse Dom Angélico.
Para o bispo, João XXIII foi um Papa de coração profundamente aberto a toda problemática do mundo. O olhar do Bispo de Roma sobre a sociedade da época, sua análise acerca da realidade da Igreja e sua necessidade de renovação foram os principais impulsos para a convocação do Concílio Vaticano II.
Dom Angélico afirma que João XXIII conseguiu colocar no Concílio a atualização da Igreja, conforme ele mesmo dizia. “Este Papa fez com que o Concílio fosse um marco de profundo significado. O próprio Papa João Paulo II, referindo-se ao novo milênio que já estamos vivendo, dizia: ‘Este novo milênio deve ser iluminado por uma bússola que são os ensinamentos e conquistas do Concílio Vaticano II’ ”.