Professor Felipe Aquino faz levantamento de obras deixadas pelo “Papa Bom”
Prof. Felipe Aquino
(Com edição da redação)
Em quase cinco anos de pontificado, Papa João XXIII deixou 114 Cartas apostólicas; 47 Constituições apostólicas; 335 discursos; 8 encíclicas; 3 exortações apostólicas; 14 motu próprio.
As exortações apostólicas foram: Quarantacinque anni (21 de abril de 1959); Novem per dies, novena de pentecostes para o Concílio ecumênico (20 de maio de 1963) e Sacrae laudis, pedindo orações para o próximo concílio ecumênico (6 de janeiro de 1962).
O grande mérito de João XXIII foi a coragem de convocar o Concílio Vaticano II que, segundo João Paulo II foi a “primavera da igreja”.
Quanto às encíclicas que mais tiveram repercussão no mundo, está a “Mater et magistra”, de cunho social – econômico. Nela ele analisou a evolução da questão social à luz da doutrina social da Igreja deixada por seus predecessores. Retomou os ensinamentos da “Rerum novarum” de Leão XIII, os ensinamentos de Pio XI na “Quadragésimo anno”, e Pio XII. E os atualizou.
Na “Mater et magistral”, mostrando a Igreja como mãe e mestra, fala da remuneração justa do trabalho, com critérios de justiça e de equidade, buscando o ajustamento entre o progresso econômico e o progresso social, dentro das exigências da justiça quanto às estruturas produtivas. Mostra que as estruturas devem estar conformes à dignidade do homem e a necessidade da presença ativa dos trabalhadores nas médias e grandes empresas.
João XXIII reafirma ainda nesse documento o direito de propriedade, as exigências da justiça quanto às relações entre os setores produtivos; a política econômica apropriada às exigências do bem comum. Pede que se elimine ou diminua a desproporção entre o campo e a cidade. Fala das exigências de justiça nas relações entre países de diferente progresso econômico; e analisa o crescimento demográfico e o desenvolvimento econômico. Critica as ideologias defeituosas e errôneas, e enfatiza a perene atualidade da doutrina social na igreja.
Na “Pacem in terris”, sua última encíclica, um dos documentos de destaque de seu pontificado, ele escreve sobre a paz de todos os povos na base da verdade, justiça, caridade e liberdade. Para isso é, preciso reinar a ordem entre os seres humanos, pois todo ser humano é pessoa, sujeito de direitos e deveres. Então deve haver indissolúvel relação entre direitos e deveres na mesma pessoa. Fala das relações entre os seres humanos e os poderes públicos no seio das comunidades políticas e a necessidade da autoridade e sua origem divina.
Ele insiste nas funções dos poderes públicos e o dever de promover os direitos da pessoa. Diz que é necessário haver uma boa estrutura e funcionamento dos poderes públicos, organização jurídica e consciência moral, além da participação dos cidadãos na vida pública. O Papa insiste nas relações das comunidades políticas.
Entre outras questões, o Pontífice fala do problema dos refugiados políticos, da necessidade do desarmamento, e da psicose de medo criada pela corrida aos armamentos. Na época, vivia-se sob o temor de uma guerra nuclear entre os EUA e a Rússia, que destruiria o Planeta. O Papa apresentou também diretrizes pastorais e dever de participação na vida pública. Falou também das relações dos católicos com os não-católicos no campo econômico-social político. E relembrou que o Príncipe da Paz é Jesus; e quem sem Ele não há paz duradoura.