Secretário pessoal de João Paulo II, Cardeal Stanislaw Dzwisz comenta dificuldades da vida do futuro santo, como a perda dos pais e o sofrimento com a guerra
Jakeline Megda D’Onofrio
Da Redação
O primeiro Papa polonês da história chega ao altar dos santos apenas nove anos após a sua morte, depois do reconhecimento de um segundo milagre alcançado por sua intercessão. Karol Józef Wojtyła, o Papa João Paulo II, era conhecido pela família e amigos como Lolek e às vezes de Lolus. De origem humilde, sua infância foi marcada por algumas perdas e pelo início de sua grande devoção a Maria.
Karol Józef Wojtyła nasceu em Wadowice,uma cidade a 50 km de Cracóvia (Polônia), em 18 de maio de 1920. Lolek era o caçula dos três filhos de seu pai, Karol Wojtyla, tenente do exército de infantaria, e sua mãe, Emíila Kaczorowsky, uma jovem siciliana de origem lituana.
João Paulo II foi batizado em 20 de junho de 1920 na igreja paroquial de Santa Maria de Wadowice pelo padre Franciszek Zak. A Primeira Comunhão foi aos nove anos e, aos 18, ele recebeu o sacramento da Confirmação (Crisma).
A vida de João Paulo II foi marcada por muitas perdas desde muito cedo. Aos nove anos de idade, ele sofreu com o falecimento de sua mãe, em 13 de abril de 1929. Anos mais tarde, faleceu seu irmão e, em 1941, seu pai.
Mas o pequeno Karol não ficou sem a companhia materna quando perdeu sua mãe. Seu pai o levou à capela da imagem de Maria de Kalwaria, a imagem milagrosa, em 1929, e disse a ele: “Agora esta é sua mãe”. Karol tinha 9 anos. Foi selado assim o início da devoção de João Paulo II pela Mãe de Jesus, o que durou uma vida toda. A devoção se fez presente, inclusive, em seu lema de pontificado: “Totus tuus Mariae (todo de Maria)”.
João Paulo II manifestou interesse pelo teatro e artes literárias polonesas. No colégio, chegou a pensar em continuar os estudos de filosofia e linguística polonesa, mas também considerou a possibilidade de seguir uma vocação que tinha intrínseca no coração: o sacerdócio.
Vida dura na juventude
O secretário pessoal de João Paulo II, Cardeal Stanislaw Dzwisz, concedeu entrevista à repórter Danusa Rego, da Canção Nova Roma. Ele conta que o Papa teve uma juventude muito difícil. Ficou órfão cedo, depois perdeu o irmão e, por fim, o pai. Depois, veio a guerra. Com o conflito, tanto a vida acadêmica quanto a cultural se tornaram clandestinas.
“Não podia estudar como hoje, como todos os jovens, fazer universidade, pois todas as escolas e, até mesmo, as universidades estavam fechadas (…) A um certo momento deixou o teatro, a estrada de estudos leigos, humanistas e decidiu entrar no seminário. Seminário clandestino. Para poder estudar de modo clandestino, porque os alemães haviam fechado todas as universidades, inclusive o seminário”, conta o cardeal.
Ainda nesse cenário, Dom Dziwisz diz que Wojtyla começou a trabalhar em uma fábrica, um trabalho pesado fisicamente. Durante a guerra, sofreu um acidente e quase morreu.
Antes de decidir-se pelo sacerdócio, Karol chegou a trabalhar também em uma pedreira. Segundo relato do próprio Pontífice, esta experiência ajudou-o a conhecer de perto o cansaço físico, assim como a sensibilidade, sensatez e fervor religioso dos trabalhadores e dos pobres.