Simplicidade, caridade e bondade estão entre as características marcantes de João XXIII, que ficou conhecido como o “Papa Bom”
Rogéria Nair
Da Redação
“Agora, mais do que nunca, reconheço-me indigno e humilde: servo de Deus e servo dos servos de Deus. A minha família é todo o mundo.”
Essas afirmações de João XXIII, no livro ‘Diário da alma’, indicam os caminhos de sua personalidade que guiariam seu pontificado.
A bondade foi um aspecto importante de sua personalidade. O bispo auxiliar do Rio de Janeiro, Dom Antônio Augusto Dias Duarte, recorda essa característica marcante do Papa Roncalli, inclusive como fator da compreensão da sacralidade da vida.
“O Papa Bom nos mostrou como é bom se relacionar de forma cordial e bondosa com as pessoas partindo dessa visão da fé. (…) A bondade que imanava da figura tão paternal, acolhedora e simpática de João XXIII é que dá à vida humana o reconhecimento de que ela é uma vida sagrada”.
Suas marcas mais evidentes foram a humildade, a simplicidade, a piedade, a obediência, a diligência, o bom humor, a vida de oração e a confiança em Deus. Roncalli era o Papa de todos, com um coração universal que abraçava todos os povos, fossem eles católicos, ortodoxos ou muçulmanos.
Antes mesmo de ser Papa, durante a Primeira Guerra Mundial, alistou-se no exército como sargento nos serviços de saúde, e era encarregado de cuidar dos feridos que voltavam da guerra. Esta foi uma oportunidade de demonstrar caridade e piedade para com o próximo.
O servo de Deus procurava viver com humildade seu ministério e não se exaltar em sua vida eclesiástica como afirma em seu livro ‘Diário da alma’: “Nunca direi uma palavra nem darei um passo, afastando como tentação qualquer pensamento que, de algum modo, se oriente para que os meus superiores me confiem cargos ou postos de maior distinção”. Humildade essa que abriu caminhos por onde passava e que, aliada à sua simplicidade, ajudou-o a resolver situações delicadas.
“Minha missão na Grécia é muito difícil, por isso a amo mais ainda. Confiaram-na a mim, portanto, é uma questão de obediência”. Toda vida do futuro santo pautava-se na santa obediência, independente da situação em que se encontrava.
Ângelo era um homem dinâmico, que se empenhava na salvação das almas. Referindo-se à missão de salvar almas na Grécia e na Turquia, chegou a afirmar: “Confesso que não sofreria se a confiassem a outro, mas, enquanto for minha, quero honrá-la custe o que custar.”
Os reflexos da personalidade acolhedora e universal do Papa Bom marcariam para sempre a história da Igreja. Ele mesmo aprovou, durante o Concílio Vaticano II, as celebrações da Santa Missa na língua própria de cada país, abrindo-se, assim, as portas para maior participação do povo de Deus.
Na época em que foi anunciada a canonização de João XXIII, o presidente da CNBB, Cardeal Raymundo Damasceno, falou da simplicidade e bondade de João XXIII e sua inspiração para a convocação do Concílio.
“O Papa conhecido como ‘Papa bondoso’, era simples, um pastor que realmente teve essa grande inspiração de realizar o Concílio, que deu os rumos para a Igreja”.