Coluna

A violência contra o ser humano fere sua dignidade

Padre enfatiza que toda forma de violência deve ser condenada e rejeitada

Padre Mário Marcelo Coelho, scj

A violência contra o ser humano fere sua dignidade A cada dia é noticiado através dos meios de comunicação o aumento da violência contra as pessoas que se concretizam com um número cada vez mais crescente de mortes. São várias as formas de violência contra a pessoa, o aborto, os roubos, os sequestros, o desrespeito no trânsito, as agressões, os homicídios, a corrupção, o abandono nas ruas, a falta de condições de saúde, o tráfico de drogas e de pessoas, a exploração de menores, etc., é a vida humana que está sendo agredida e violada.

Tudo isto constitui uma violência e uma ofensa grave contra a igualdade, a dignidade e os direitos fundamentais da pessoa humana. Em uma sociedade onde a violência cresce todos os dias e a vida é sempre mais desrespeitada, o homicídio aparece como uma das formas mais cruéis de violência contra a vida humana, crime que brada aos céus. Qualquer tipo de violência contra a pessoa é absolutamente de condenar e de rejeitar com firmeza e não agrada a Deus. A pessoa humana criada à “imagem e semelhança de Deus” não está sendo respeitada em sua dignidade.

Conforme a Carta Encíclica Evangelium Vitae (10), “algumas ameaças, atentados à vida, provêm da própria natureza; outras, ao contrário, são frutos de situações de violência, de ódio, de interesses contrapostos, que induzem homens a agredirem outros homens com homicídios, guerras, massacres, genocídios”. A violência tem a sua origem no reduto de maldade do coração humano. Nasce do ódio, da vingança, da ambição etc. Outras vezes vem acompanhada, quase inevitavelmente, de uma vida de marginalização social.

O Catecismo da Igreja Católica (2302) afirma que: ao lembrar o preceito “Tu não matarás” (Mt 5,21), Nosso Senhor pede a paz do coração e denuncia a imoralidade da cólera assassina e do ódio. Se o ódio chega ao desejo deliberado de matar o próximo ou de feri-lo com gravidade, atenta gravemente contra a caridade, constituindo pecado mortal. O Senhor disse: “Todo aquele que se encolerizar contra seu irmão terá de responder no tribunal” (Mt 5,22). Ainda (2269), “O quinto mandamento proíbe que se faça algo com a intenção de provocar indiretamente a morte de uma pessoa”.

A violência contra o próximo é contrária à caridade e é um pecado grave quando se lhe deseja livremente um grave dano. Diz Jesus: “Eu, porém, vos digo: amai vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; desse modo vos tornareis filhos de vosso Pai que esta nos céus…” (Mt 5,44-45). O respeito pela vida humana exige a não violência e a promoção da paz. A paz não é somente ausência de guerra, é também o respeito pela vida do outro e como declara o próprio Cristo, “bem-aventurados os que promovem a paz” (Mt 5,9).

O mandamento “não matarás” proíbe a destruição da vida humana. Qualquer ação de violência que tem em vista a destruição da vida humana é um crime contra Deus e contra o próprio homem a ser condenado com firmeza e sem hesitações. O assassino e os que cooperam voluntariamente com o assassinato cometem um pecado que clama ao céu por justiça. Para muitos, a vida do homem “não vale nada” e é apreciada com uma desconsideração espantosa. Tudo o que viola a integridade da pessoa humana são efetivamente dignas de proibição. As práticas que agridem a pessoa infeccionam a civilização humana, desonram mais os que se comportam desta maneira, do que aqueles que padecem tais injúrias. E contradizem sobremaneira a honra do Criador.

Tirar a vida de um ser humano é invadir o santuário mais sagrado da dignidade humana. Quem mata torna-se escravo da morte, o reino da morte é contrário ao Deus da Vida. Mesmo quando se julga ter milhões de argumentos, não há nenhum argumento que valha mais do que a vida de uma pessoa, que é sagrada, porque ele é filho de Deus, e membro do corpo de Cristo.

Na Constituição Pastoral Gaudium et Spes (27), o Concílio destaca o respeito ao homem; que cada um respeite o próximo como “outro eu”, sem excetuar nenhum, levando em consideração antes de tudo a sua vida e os meios necessários para mantê-la dignamente. Sobretudo nos nossos tempos, temos a obrigação de nos tornarmos promotores da paz e do respeito aos irmãos e irmãs recordando a voz do Senhor: “Todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim é que fizestes” (Mt 25, 40). Cada cidadão e cada governante deve agir de modo a evitar todas as formas de violência contra as pessoas.

O Papa João Paulo II afirma a existência de sinais de esperança, em muitos setores da sociedade, de uma nova sensibilidade cada vez mais contrária a toda forma de violência, uma sociedade sempre mais inclinada à busca de instrumentos eficazes, mas “não violentos”, para promover o respeito, a justiça e a paz.

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