Teve início nesta segunda-feira, 4, no Vaticano um encontro que visa discutir a questão da pobreza e da educação no mundo atual. Promovido pela Pontifícia Academia das Ciências, o evento intitulado "Pão e Cérebro" segue até 6 de novembro, data em que os participantes serão recebidos pelo Papa Francisco na Casa Santa Marta.
Na abertura do evento, o presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, Cardeal Peter Turkson, defendeu a solidariedade e a fraternidade para resolver ambos os problemas que inspiraram o evento.
"Para romper o ciclo vicioso da desnutrição física e mental, da pobreza e ignorância, não é suficiente apenas uma boa pesquisa científica e sólidas políticas sociais finalizadas a uma melhoria real na educação, produção e distribuição de alimentos, uma agricultura sustentável e segurança alimentar. É necessário também redescobrir o sentido do humanismo cristão baseado na solidariedade e na fraternidade."
O encontro quer chamar a atenção para a relação entre pobreza e déficits educacionais e cognitivos, e para as aplicações positivas dos frutos do trabalho da mente humana, em particular, as descobertas científicas e inovações tecnológicas, a produção de alimentos e luta contra a pobreza.
Segundo o Cardeal Turkson, esses aspectos evocam os temas centrais da Doutrina Social da Igreja, como os direitos e necessidades humanas fundamentais, a dignidade humana, a justiça, a paz e o diálogo citados na Constituição Pastoral "Gaudium et Spes", sobre a Igreja no mundo atual. Os temas também foram lembrados pelo Papa emérito Bento XVI e pelo Papa Francisco.
Uma nota divulgada pela Academia informa que o binômio “Pão e cérebro” refere-se às novas tecnologias para melhorar, de um lado, o alimento e a alimentação e, de outro, os efeitos que a pobreza e desnutrição têm no desenvolvimento neuro-cognitivo e na instrução, bem como a forma de superá-los.
Em ambas as frentes, prossegue o texto, foi alcançado um alto nível de experiência que pode orientar os políticos a encontrar soluções à emergência global de milhões de crianças das novas gerações que não têm acesso ao alimento e estão excluídas de uma instrução necessária – duas condições essenciais para a dignidade humana.