Nesta segunda-feira, 29, bispos atenderam a imprensa e falaram sobre o tema central da 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
Huanna Cruz
Enviada a Aparecida (SP)
O tema central da 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), “Igreja Sinodal – Comunhão, Participação e Missão”, e as propostas e indicações para a elaboração das próximas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE) foram as principais discussões desta primeira coletiva de imprensa da segunda fase da Assembleia. A entrevista foi realizada nesta segunda-feira, 29, na sala de imprensa do Centro de Eventos Padre Vítor Coelho de Almeida, em Aparecida (SP).
Atenderam à imprensa o presidente da Comissão do Tema Central da 59ª AG CNBB, Dom Leomar Antônio Brustolin, arcebispo de Santa Maria (RS), e o membro da mesma comissão, Dom José Altevir da Silva, bispo de Tefé (AM). Junto a eles, o presidente da Comissão para a Comunicação, Dom Joaquim Giovani Mol.
Dom Giovani acolheu os jornalistas e todos que trabalham com comunicação, enaltecendo a missão dos profissionais. “Vocês, com inteligência e sensibilidade do coração, informam nosso povo sobre assuntos variados, importantes à Igreja, são capazes de participar do processo de evangelização, porque nós temos veículos de comunicação identificados com o caminhar da Igreja.”
O tema central é uma reflexão sobre a Igreja em ação, a partir de diretrizes gerais do movimento evangelizador. Estamos, ao mesmo tempo, em um período de Sínodo que é mundial, convocado pelo Papa Francisco em uma intuição que é do Espírito, um sínodo sobre a sinodalidade da Igreja em ação, a Igreja em atuação a partir de diretrizes gerais da ação evangelizadora.
Com o tema central, pretende-se inspirar a ação pastoral da Igreja no Brasil. Como se trata de um tema central, afirma Dom José Altevir, é algo que nos ajuda a dar respostas aos desafios do momento que a Igreja está vivendo.
As atuais diretrizes têm como proposta evangelizar o Brasil neste tempo atual marcado pela cultura urbana, anunciando a Palavra de Deus, formando discípulos e discípulas, missionários de Jesus Cristo no mundo de hoje, por meio da comunidade eclesial missionária. São elementos sustentados pela sinodalidade, elementos que compõem o tema central da assembleia.
Para Dom José Altevir, o mais importante é o ser da missão, por isso essas últimas diretrizes formam um eixo central da ação missionária. Nessas últimas diretrizes, surgiu o termo comunidade eclesial missionária, que não é algo novo. A Igreja é toda ela missionária por natureza e é essa a luta da Igreja tomar consciência da ação missionária.
Comunidades Eclesial Missionária
As Comunidades Eclesiais Missionárias precisam ser embaixadoras da misericórdia de Deus, como sal da terra e luz do mundo. As Comunidades Eclesiais missionárias são pequenas comunidades que oferecem material concreto da conversão pastoral, é lugar de convivência de comunhão, um ambiente e meio para a iniciação à vida cristã, para uma formação sólida do cristão, do missionário e da missionária.
“Por meio das Comunidades Eclesiais Missionárias, buscamos propor um testemunho de fé concreta”, observa Dom José Altevir.
As Comunidades Eclesiais Missionárias se formam em todos os lugares, em todos os ambientes, nas ruas, nos condomínios, nos aglomerados nos edifícios e bairros populares. Vence o anonimato e a solidão, e aí mostra a missão da Igreja sendo vivenciada em todas as suas dimensões. Dom José Altevir ressalta ainda que “a missão não tem fronteiras”.
Processo e próximos passos
“O tema central é um tema que está preparando as novas diretrizes que deveriam ser revistas no ano que vem, e eu digo deveriam”, ressalta Dom Leomar Antônio, “porque o processo sinodal fez com que a comissão central ajudasse a repensar o processo de tempo já aprovado pelo conselho permanente”.
A Comissão que está preparando os próximos passos é composta por pessoas das cinco regiões do Brasil.
Diante da necessidade de uma presença pública, o trabalho começou questionando os bispos como estavam essas diretrizes, pois não adiantaria criar novas sem avaliar o que já tinha sido trabalhado, e o que já estava forte como experiência sinodal e onde ainda não se estava devidamente fortalecido. A partir daí, foi feita uma síntese. Após esta síntese, enviada em julho à comissão, outras questões foram preparadas para o trabalho da Assembleia.
O primeiro passo é considerar o contexto pós-pandêmico, segundo o pontificado do Papa Francisco, que insiste em uma conversão pastoral, uma mudança, uma Igreja em saída. Também o processo de escutar mais as pessoas, superar o clericalismo e as lideranças centralizadoras nas paróquias e comunidades. E por fim, fortalecer a Comunidade Eclesial Missionária.