O líder dos Católicos na Síria, o Patriarca Católico Greco-Melquita Gregórios III de Antioquia, criticou firmemente países que estão enviando armas à Síria, dizendo que o impacto do envio de equipamento militar é até “mais perigoso” que o uso das armas químicas no confronto entre rebeldes e forças do governo de Bashar al-Assad.
Em uma declaração na qual, ao mesmo tempo que condena o uso “destrutivo” das armas químicas, o Patriarca afirma que a maior ameaça para o país é o apoio militar armado – incluindo informações de inteligência – vindos de fora do país.
“Pelos dois últimos anos, países do Ocidente e do Leste não pararam de enviar armas, dinheiro, peritos militares, agentes de serviços secretos e gangues de criminosos fundamentalistas Salafistas… Eles recaíram sobre a Síria como um novo dilúvio destrutivo, até mais perigoso que as armas químicas destrutivas, cujo uso em nosso solo sírio reprovamos sob qualquer pretexto”, disse o Patriarca Gregórios, Presidente da Assembleia da Hierarquia Católica na Síria.
Ele afirmou ainda que estas armas e seu impacto “foram a causa” da morte de 100 mil sírios, o deslocamento de milhões de outros, a destruição de vilarejos inteiros e o dano ao futuro de milhões de jovens.
Renovando sua oposição à intervenção militar do Ocidente, o Patriarca enfatizou a necessidade de diálogos de paz. “Ao contrário de um chamado à guerra armada, ataques e intervenções militares, nós regozijamos ao escutar os apelos vindos de todo o mundo para que se forme uma atmosfera de reconciliação, diálogo, solidariedade humanitária, esperança, perdão e finalmente a paz”.
Carregamento de armas
O apelo do Patriarca Gregórios pelo fim de todos os carregamentos de armas à Síria, vindos de todos os fornecedores internacionais, ecoa como um pedido feito em janeiro deste ano pelo Cardeal Bechara Boulos Rai, Patriarca Maronita de Antioquia, cuja sede é Beirute.
No Sábado (31 de agosto), o vice-ministro de relações exteriores da Síria, Faysal al-Mikdad, acusou a Arábia Saudita de ter sido “o principal responsável” pelo financiamento e armamento dos grupos terroristas operando na Síria.
As declarações emergem no contexto em que o presidente Assad tem comprado cada vez maiores quantidades de armas da Rússia, deixando perceber a chegada de mais armamentos à Síria de um porto Ucraniano usado pelo monopólio russo de exportação de armas.
Na semana passada, o Patriarca Gregórios já havia se pronunciado contra uma intervenção armada de países do Ocidente, afirmando que estes só “alimentariam o ódio, a criminalidade e o fundamentalismo” na Síria.
Em uma entrevista à agência Catholic News Service, o Patriarca disse ainda: “Seguramente (o ataque militar vindo de países como Estados Unidos ou Grã-Bretanha) despertaria uma guerra mundial”.
Oração pela paz
Em suas declarações, o Patriarca Gregórios afirmou que as campanhas de oração estão sendo feitas ao longo de todo o território Sírio – em igrejas, casas e movimentos juvenis.
O bispo afirmou ainda: “Nós nos unimos aos apelos de oração vindos do mundo inteiro, este é o verdadeiro movimento pela solidariedade na Síria”.
O Patriarca Gregórios louvou o apelo do Papa Francisco pela paz na Síria, cujo ápice será neste sábado, 7, com um dia de jejum e oração pela Síria como iniciativa liderada pelo próprio Pontífice.