“Conheci poucas pessoas na vida com tão ampla visão e preparação intelectual”. Foi o que afirmou o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, arcebispo Gherard Ludwig Muller, sobre Joseph Ratzinger – Bento XVI e sobre seu magistério, antes e depois da eleição à Cátedra de Pedro. Dom Muller apresentou nos dias passados seu livro “Ampliar os horizontes da razão” – editado pela Livraria Editora Vaticana -, com o objetivo de oferecer uma “leitura” das obras do Papa teólogo.
Sobre o percurso de Bento XVI, Dom Muller afirmou:
“Ele percorreu um longo caminho na sua vida e nas suas reflexões. Começou aos 15 anos, hoje tem 85. Ou seja, são 70 anos de profundas reflexões e de meditações. Foram tantas experiências na sua vida: quando era jovem, viveu a experiência do nacional-socialismo e do facismo, da guerra, de vários acontecimentos da vida humana…Por isto, nunca foi um intelectual que vive na sua Torre de Marfim, mas está presente na vida de todos os homens, profundamente inserido na história do século XX, mas também neste atual. É um dos poucos homens que tem um horizonte tão amplo: conhece o desenvolvimento da filosofia na Europa, a partir dos gregos, dos romanos, chegando até os filósofos modernos. Conhece também a história da Igreja, os questionamentos e os desafios colocados pelas ciências naturais. Eu conheço poucas pessoas que tem esta profundidade de pensamento, tão necessária hoje em dia”.
Bento XVI é reconhecido por muitos como um grande teólogo dos tempos atuais, que soube encontrar novas expressões para antigas verdades de fé. Para Dom Muller, é muito importante que todos os teólogos sejam pastores e se dirijam a todos os homens, pois Deus não ama somente os intelectuais, as pessoas geniais, mas todos os homens. “Jesus, quando veio a este mundo, falou de maneira muito simples, ao coração dos homens. Falou aos fariseus, aos grandes intelectuais do seu mundo, de seu tempo, mas sempre testemunhou o grande respeito que Deus tem por todos os homens.”
Em seu livro, Dom Muller aborda o tema das linguagens das novas mídias. Segundo o arcebispo, no Magistério de Bento XVI, é possível perceber um diálogo aberto à verdade. “A fé e a Revelação são formas que Deus usa para se comunicar conosco. Por estes meios de comunicação nós podemos comunicar, não em maneira ideológica – isto é, que queira influenciar as pessoas contra a razão –, mas para ter um diálogo aberto à verdade, porque somente a verdade pode salvar os homens e não a propaganda”.