Um dos redatores da mensagem final do Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização, Dom Sérgio da Rocha, Arcebispo de Brasília (DF), fez um breve resumo do texto, divulgado nesta sexta-feira, 26, em italiano. Em entrevista à nossa correspondente em Roma, Danusa Rego, o arcebispo destacou o pedido especial do Sínodo feito à América Latina.
Dom Sérgio explicou que a mensagem têm especial importância para o Sínodo e para a Igreja, pois costuma ser referência até a publicação da Exortação Apostólica, que será elaborada pelo próprio Papa. Segundo o arcebispo, a mensagem quer ser uma palavra que os padres sinodais dirigem à Igreja, sem ter a pretensão de ser um resumo do Sínodo. Este resumo estará nas chamadas proposições, que estão sendo elaboradas e, em breve, serão aprovadas.
O padre sinodal disse que a mensagem tem, primeiramente, um espírito de gratidão e de esperança.
"É uma mensagem de agradecimento a todos os que se dedicam de maneira tão generosa à evangelização em nossa Igreja, os que estão abraçando a causa da nova evangelização, e ao mesmo tempo, uma palavra de esperança, que vem de Deus, sabendo que o primeiro agente da evangelização é sempre o Espírito Santo. Por isso, nossa esperança de uma evangelização nova, que produza corações novos, pessoas novas, vida nova, famílias novas, sociedade nova, isto é, essa novidade radical do Evangelho acontecendo concretamente na vida das pessoas, na vida da sociedade hoje", reforçou.
Em um segundo momento, destaca o arcebispo, a própria mensagem quer ser um estímulo para assumir o mandato missionário de Jesus de ir e fazer discípulos. "Nós reconhecemos o que tem sido feito, agradecemos, louvamos a Deus por isso, mas sentimos que temos um longo caminho a percorrer, por isso, estamos aqui, buscando iluminar esse caminho com a Palavra de Deus, com as orientações da Igreja, com o Magistério, e agora nós precisamos, é claro que com renovado ardor, abraçar a evangelização".
Três aspectos da mensagem
Dom Sérgio resume a mensagem em três grandes pontos: a ênfase no encontro com Jesus Cristo, a missão da Igreja e a novidade de ter uma palavra específica para cada continente.
Sobre o primeiro aspecto, o bispo destacou a necessidade de se evangelizar levando as pessoas a um verdadeiro encontro com Jesus, nas suas várias formas.
"O texto que está iluminando a mensagem é o da samaritana, que vai buscar água no poço e encontra em Jesus a água viva que vem saciar sua sede. Essa experiência do encontro com Jesus feito com a samaritana, está hoje na base do anúncio do Evangelho. Nós precisamos evangelizar a partir dessa experiência do encontro com Jesus e levar as pessoas a experiência do encontro com Cristo, nas suas várias expressões, na oração, na escuta da Palavra, na Eucaristia, na vida da comunidade, no amor fraterno, no serviço da caridade, tudo isso, na verdade como expressão do encontro com Cristo", explicou.
Outro ponto é a própria vida da Igreja que assume a evangelização. "Embora a responsabilidade seja também de cada um de nós, ela é tarefa eclesial", destaca Dom Sérgio. "Não se evangeliza sozinho, cada um por si. Nós evangelizamos em comunhão, assumindo a vida em comunidade. Esse é um aspecto muito necessário hoje. Nós vivemos em uma sociedade muito individualista e não podemos reproduzir esse esquema dentro da Igreja, sobretudo, quando se trata desse trabalho evangelizador, nós precisamos lançar juntos as redes, confiando na presença de Jesus Ressuscitado, em unidade".
Por fim, um aspecto novo dessa mensagem, em relação às anteriores, é uma palavra específica para cada continente. "Nas mensagem anteriores havia apenas uma palavra em geral para toda a Igreja, nesta mensagem, ocupa lugar especial no final, uma palavra dirigida a cada um dos continentes, para que a unidade da Igreja se expresse também valorizando a realidade própria de cada região, isto é, é a Igreja que vive da comunhão trinitária, a unidade nessa diversidade imensa, nessa riqueza e pluralidade imensa de dons de Deus".
Em relação à América Latina, Dom Sérgio conta que há um reconhecimento dos valores que tem sido vividos nesta parte do continente, especialmente o valor da religiosidade popular, o serviço da caridade e o diálogo com as culturas, e também quanto aos desafio da pobreza, da violência e do pluralismo religioso. O arcebispo disse que o Sínodo reforça o apelo da Conferência de Aparecida. "A Igreja na América Latina é convidada pelo Sínodo a viver aquilo que é a grande proposta de Aparecida: se colocar em estado permanente de missão, formando discípulos missionários".
Dom Sérgio afirmou ter esperança de que essa mensagem possa produzir muitos frutos em toda a Igreja, de maneira especial, no Brasil.