Falta menos de um mês para as eleições municipais, dia 7 de outubro, assunto que hoje em dia, muita gente encara com descrédito. Mas não deve ser assim, defende Pedro Gontijo, Secretário Executivo da Comissão Brasileira de Justiça e Paz, Organismo vinculado à CNBB, para ele, as mudanças são possíveis.
“A primeira coisa que a gente precisa para conseguir modificações na sociedade é acreditar que é possível, quando a gente acredita a gente investe, quando a gente não acredita a gente fica parado.”
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O secretário explica que o engajamento de cada cidadão no processo político e a mobilização da sociedade são fundamentais. Ele recorda frutos como a aprovação da Lei 9840, a Lei da Ficha Limpa e a Lei de Transparência. “Algo que há 10 anos parecia impossível, hoje é realidade.”
Para Gontijo, a eleição é apenas o momento de escolher os representantes, e o trabalho do eleitor não para por aí, é preciso acompanhar o trabalho do candidato eleito. “ A pessoa não fica representante se as pessoas as quais ela representa não se manifestam … é fundamental ter um acompanhamento depois.”
Participação em Conselhos Institucionais, em Comitês de acompanhamento do orçamento municipal, ou em iniciativas e projetos como “adotar” um vereador, no sentido de acompanhar seu trabalho, são meios sugeridos por ele. “Às vezes escutamos as pessoas reclamarem que o vereador está longe das pessoas, mas também do nosso lado, da sociedade, fazemos isso, comparecemos na hora do voto, e depois a gente some, não nos envolvemos.”
Além dessa medida, outra orientação é acompanhar as notícias sob diferentes fontes, de maneira a estar inteirado sobre o que acontece no bairro, na cidade, no estado e no país, o secretário defende que este é um ponto importante inclusive para a evangelização. “ Para cumprirmos nossa missão evangelizadora temos que estar em sintonia com o que está acontecendo no mundo, temos que estar inseridos neste mundo, porque o trabalho de evangelização tem que ir até a transformação das estruturas sociais.”
Gontijo destaca que os cristãos não podem esquecer o que os bispos do mundo inteiro reunidos no Concílio Vaticano II, disseram na Constituição Pastoral Gaudium et Spes (Sobre a Igreja no mundo atual). “ As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração.”
“O cristão deve ser solidário com as situações em que a vida mais está sendo ameaçada, então devemos ser pessoas que se informam e que participam”, explica o secretário. Pastorais e cristãos, de modo geral, que se envolvem, têm condições de fazer muito pela própria cidade e pelo bem comum. Ele chama a atenção por exemplo para a Pastoral da Criança, que contribuiu para diminuir a mortalidade infantil no país.
Uma orientação fundamental deixada por Gontijo, todos podem fazer: “ Não venda seu voto por nada, voto tem consequência.”
Campanha Voto Consciente
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou no dia 06 de setembro, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília (DF), a campanha “Voto Consciente”. Produzida em parceria com o Núcleo de Estudos Sociopolíticos (NESP) da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), a campanha Voto Consciente conta com vídeos, spots para rádios e texto com orientações para o voto consciente/cidadão e pelo voto limpo.