Queridos irmãos e irmãs,

A festa da Apresentação do Senhor, realizada dias depois do nascimento de Jesus, nos mostra Maria e José que, em obediência à Lei de Moisés, que vão ao templo de Jerusalém para apresentarem o menino, em quanto primogênito, ao Senhor e oferecerem o sacrifício (cfr Lc 2,22-24). É um dos casos em que o tempo litúrgico reflete aquele histórico, porque hoje se completam 40 dias da solenidade do Natal do Senhor; o tema de Cristo Luz, que caracterizou o ciclo das festas natalinas e culminou na solenidade da Epifania, é retomado e prolongado nesta festa de hoje.

O gesto ritual dos pais de Jesus, que ocorre no estilo de obscuridade humilde que caracteriza a Encarnação do Filho de Deus, encontra uma particular acolhida por parte do ancião Simeão e da profetiza Ana. Pela divina inspiração, eles reconhecem, naquele menino, o Messias anunciado pelos profetas. No encontro entre o velho Simeão e Maria, jovem mãe, Antigo e Novo Testamento se unem de modo maravilhoso ao render graças pelo dom da Luz, que brilhou nas trevas e impediu-as de prevalecer: Cristo Senhor, luz para iluminar as nações e glória ao povo de Israel (cfr Lc 2,32).

No dia em que a Igreja faz memória da apresentação de Jesus ao templo, se celebra o Dia da Vida Consagrada. De fato, o episódio evangélico o qual nos referimos constitui um ícone significativo na doação da própria vida por parte daqueles que foram chamados a representar na Igreja e no mundo, mediante os conselhos evangélicos, os traços característicos de Jesus, virgem, pobre e obediente, o Consagrado do Pai. Na festa de hoje celebramos, portanto, o mistério da consagração: consagração de Cristo, consagração de Maria, consagração de todos aqueles que se colocam sob os passos de Jesus por amor ao Reino de Deus.

Segundo a intuição do Beato João Paulo II, que celebrou pela primeira vez em 1997, o Dia dedicado à vida consagrada tem alguns objetivos particulares, quer responder, antes de tudo, a exigência de louvar e dar graças a Deus pelo dom deste estado de vida, que pertence à santidade da Igreja.

Para cada pessoa consagrada é dedicada hoje a oração de toda comunidade, que dá graças a Deus Pai, doador de cada bem, o dom desta vocação e com fé novamente o invoca. Além disso, em tal ocasião, se valoriza sempre mais o testemunho daqueles que escolheram seguir Cristo mediante a prática dos conselhos evangélicos, com a promoção do conhecimento e a estima da vida consagrada em meio a todo povo de Deus.

Por fim, o Dia da Vida Consagrada pretende ser, sobretudo, para vocês, queridos irmãos e irmãs que abraçaram esta condição na Igreja, uma preciosa ocasião para renovar os propósitos e reviver os sentimentos que inspiram a doação de si mesmos ao Senhor. Isso é o que queremos fazer hoje, este é o empenho pelo qual foram chamados a realizar todos os dias de suas vidas.

Na ocasião do 50º aniversário da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II, institui – como sabem – o Ano da Fé, que será aberto no próximo mês de outubro. Todos os fiéis, mas de modo particular os membros dos institutos de vida consagrada, acolheram como um dom tal iniciativa, e espero que vivam o Ano da Fé como tempo favorável para o renovamento interior, o qual sempre se sente a necessidade, com o aprofundamento dos valores essenciais da própria consagração.

No ano da fé, vocês que acolheram o chamado a seguir Cristo mais de perto mediante a profissão dos conselhos evangélicos, são convidados a aprofundar ainda mais o relacionamento com Deus. Os conselhos evangélicos, aceitos como autentica regra de vida, reforçam a fé, a esperança e a caridade, que os unem a Deus.

Esta profunda proximidade com o Senhor, que deve ser elemento prioritário e caracterizador de sua existência, lhes levará a uma renovada adesão a Ele e terá uma influência positiva em sua presença e forma de apostolado dentro do povo de Deus, através da contribuição de seus carismas, na fidelidade ao Magistério, a fim de serem testemunhas da fé e da graça, testemunhas credíveis para a Igreja e o mundo de hoje.

A Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, com os meios considerados mais adequados, sugerirá indicações a serem trabalhadas para favorecer que este Ano da Fé constitua para todos vocês um ano de renovamento e de fidelidade, a fim que todos os consagrados e as consagradas se empenham com entusiasmo na nova evangelização.

Enquanto dirijo minha cordial saudação ao Prefeito do Dicastério, Dom João Braz de Aviz, o qual quis incluir entre os cardeais que criarei no próximo Consistório, aproveito a ocasião para agradecer-lo e os colaboradores por este precioso serviço que prestam à Santa Sé a e toda a Igreja.

Queridos irmãos e irmãs, agradeço também a cada um de vocês que quiseram participar desta Liturgia, que graças também a presença de vocês se distingue por um especial clima de devoção e recolhimento. Desejo tudo de bom para o caminho de suas famílias religiosas, bem como, para sua formação e seu apostolado.

A Vigem Maria, discípula, serva e mãe do Senhor, obtenha do Senhor que “quantos receberam o dom de O seguir na vida consagrada,saibam testemunhá-Lo com uma existência transfigurada,caminhando jubilosamente, com todos os outros irmãos e irmãs, para a pátria celeste e para a luz que não conhece ocaso” (João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal. Vita consecrata, 112).

     

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