O Papa Bento XVI deu continuidade à Escola de Oração, agora centrada no rezar de Jesus, na Catequese desta quarta-feira, 7. Desta vez, o Hino de júbilo messiânico (cf. Mt 11,25-30; Lc 10,21-22) esteve ao centro das meditações do Pontífice.
O Papa pergunta: "A quem o Filho deseja revelar os mistérios de Deus?". A revelação divina não acontece segundo a lógica terrena, segundo a qual são os homens cultos e poderosos que possuem os conhecimentos importantes e os transmitem às pessoas mais simples, aos pequenos. "Deus utilizou um estilo completamente diferente: os destinatários da sua comunicação foram exatamente os 'pequenos'. Essa é a vontade do Pai, e o Filho dela compartilha com alegria", explica.
"Mas o que significa ser 'pequenos', 'simples'? Qual é a 'pequenez' que abre o homem à intimidade filial com Deus e a acolher a sua vontade? Qual deve ser a atitude de fundo da nossa oração?", questiona o Papa. E responde, dando a chave para viver essa pequenez e, assim, conhecer os mistérios de Deus:
"É a pureza do coração que permite reconhecer o rosto de Deus em Jesus Cristo; é ter o coração simples como aquele das crianças, sem a presunção de quem se fecha em si mesmo, pensando que não tem necessidade de ninguém, nem mesmo de Deus".
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Abrindo-se ao dom do Espírito Santo, todo o homem pode dirigir-se a Deus, na oração, com a confiança de filho, invocando-O com o nome de Pai.
"Mas devemos ter o coração dos pequenos, dos 'pobres em espírito' (Mt 5,3), para reconhecer que não somos autossuficientes, que não podemos construir a nossa vida sozinhos, mas temos necessidade de Deus, temos necessidade de encontrá-Lo, de falar com Ele. A oração abre-nos para receber o dom de Deus, a sua sabedoria, que é Jesus mesmo, para cumprir a vontade do Pai em nossa vida e encontrar, assim, repouso para os cansaços no nosso caminho", salientou.
O Hino
No Hino de júbilo messiânico, Jesus reconhece profunda, plenamente, o agir de Deus Pai, e, ao mesmo tempo, está em total, consciente e alegre acordo com esse modo de agir, com o projeto do Pai. "O Hino de júbilo é o ápice de um caminho de oração em que emerge claramente a profunda e íntima comunhão de Jesus com a vida do Pai no Espírito Santo e manifesta-se a sua filiação divina", explica Bento XVI.
Jesus dirige-se a Deus chamando-O de Pai. "Esse termo expressa a consciência e a certeza de Jesus de ser 'o Filho', em íntima e constante comunhão com Ele, e esse é o ponto central e a fonte de toda a oração de Jesus", indica o Papa. Assim, Jesus afirma que somente "o Filho" conhece verdadeiramente o Pai.
"Todo conhecimento entre as pessoas – o experimentamos todos em nossas relações humanas – comporta um envolvimento, algum laço interior entre quem conhece e quem é conhecido, a um nível mais ou menos profundo: não se pode conhecer sem a comunhão do ser. No Hino de júbilo, como em toda a sua oração, Jesus mostra que o verdadeiro conhecimento de Deus pressupõe a comunhão com Ele. Somente estando em comunhão com o outro começo a conhecer. Assim também acontece na relação com Deus: somente se tenho um contato verdadeiro, se estou em comunhão, posso também conhecê-Lo".
Enfim, o Bispo de Roma afirma que ao nome "Pai" é seguido um segundo título: "Senhor do Céu e da terra". Dessa forma, Jesus faz ressoar as primeiras palavras da Sagrada Escritura – "No princípio, Deus criou os céus e a terra" (Gen 1,1) – e recorda a grande narração bíblica da história do amor de Deus pelo homem, que inicia com o ato da criação.
"Jesus insere-se nessa história de amor, é o seu ápice e cumprimento. Na sua experiência de oração, a Sagrada Escritura é iluminada e revivida na sua mais completa amplitude: anúncio do mistério de Deus e resposta do homem transformado. Mas, através da expressão 'Senhor do Céu e da terra', podemos também reconhecer como em Jesus, o Revelador do Pai, é reaberta ao homem a possibilidade de chegar até Deus", aponta o Papa.
A audiência
O encontro do Santo Padre com os cerca de 4 mil fiéis reunidos na Sala Paulo VI, no Vaticano, aconteceu às 10h30 (horário de Roma – 7h30 no horário de Brasília). A reflexão faz parte da "Escola de Oração", iniciada pelo Papa na Catequese de 4 de maio. O Pontífice iniciou uma nova seção, dedicada a Jesus e sua oração, na Catequese de 30 de novembro.
Ao final da audiência, o Papa, na véspera da Solenidade da Imaculada Conceição, pediu que os fiéis imitem o exemplo da Mãe de Deus.
Na saudação aos fiéis de língua portuguesa, o Papa salientou:
"A todos os presentes de língua portuguesa, a minha grata saudação de boas-vindas a este nosso encontro, que tem lugar na véspera da festa da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. Sobre os passos da vossa peregrinação terrena, vele carinhosa a Virgem Mãe para, com Ela e como Ela, serdes os "pequeninos" de Deus e deste modo sairdes vencedores das ciladas da serpente infernal. Como penhor dos favores do Alto para vós e vossos entes queridos, dou-vos a minha Bênção!".