O desmatamento da Floresta Amazônica atingiu o nível mais baixo de que se tem registro, anunciou o governo brasileiro nesta quarta-feira, 1º, marcando o que pode ser uma linha divisória na conservação da floresta.
O desmatamento caiu para cerca de 6.500 quilômetros quadrados nos 12 meses até julho de 2010, diminuindo 14 por cento em relação ao ano anterior e do auge de 29.100 quilômetros quadrados registrados em meados da década de 1990. É a taxa mais baixa desde que se iniciou a série, em 1988.
A data da divulgação dos números coincide com uma conferência climática global da Organização das Nações Unidas (ONU) no México. O Brasil quer demonstrar que é uma das poucas economias grandes a cortar drasticamente suas emissões de gás-estufa, provenientes na sua maior parte da queima de árvores ou de seu apodrecimento.
"O que é importante é que o compromisso que nós assumimos, aqui no Brasil, nós estamos cumprindo, e não precisamos de favor para cumprir. Nós vamos cumprir porque é nossa obrigação cumprir", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acrescentando que o mundo desenvolvido fracassava em chegar a um acordo para promover cortes ambiciosos nos gases-estufa e não era transparente sobre a ajuda financeira aos países em desenvolvimento.
Lula criticou os países industrializados pela falta de compromisso em cortar os gases-estufa. Ele disse que era decepcionante que quase nenhum chefe de Estado participaria da cúpula de Cancún.
"A COP-16, no México, não vai dar nada", disse ele durante uma cerimônia em Brasília.
O policiamento intensificado e a pressão cada vez maior dos grupos de consumidores contribuíram para a queda no desmatamento. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) tem multado criadores de gado e madeireiras ilegais, confiscado seus produtos e cortado empréstimos para eles. As indústrias da carne e da soja decidiram banir voluntariamente os produtos provenientes de áreas desmatadas de forma ilegal.
A mais recente redução no desmatamento ocorreu apesar do alto preço das commodities, que em geral estimula mais madeireiros e fazendeiros a entrarem na floresta em busca de terra barata.
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