Governos latino-americanos manifestaram na segunda-feira, 29, preocupação com os eventuais efeitos sobre a diplomacia norte-americana do vazamento de milhares de documentos sigilosos feito pelo site WikiLeaks, inclusive com opiniões negativas e denúncias sobre líderes da região.
Segundo vários veículos de comunicação que tiveram acesso aos documentos divulgados pelo site "dedo-duro", funcionários diplomáticos dos EUA solicitaram a governos da região, como o do Paraguai, que investigassem a presença de militantes islâmicos em seus territórios.
As comunicações diplomáticas – que deveriam ser sigilosas – também fazem comentários brutalmente francos sobre o estado mental dos presidentes da Argentina e da Venezuela.
"É um problema grave … do ponto de vista da segurança das comunicações confidenciais entre as chancelarias e organizações", disse a jornalistas no Chile o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, José Miguel Insulza.
Autoridades paraguaias convocaram a embaixadora dos EUA em Assunção, Liliana Ayalde, para ouvir explicações e para lhe entregar uma nota de protesto.
A diplomata disse que o vazamento foi "lamentável". "Condenamos esse tipo de ação… Não vamos entrar em detalhes, mas isso põe em perigo pessoas e pode afetar relações entre países", afirmou ela a jornalistas ao deixar a reunião.
"O trabalho de um diplomata é recolher impressões, visões, e isso… não implica uma política de posição", acrescentou Ayalde, que entregou a jornalistas uma nota da Casa Branca sobre o tema.
Segundo a imprensa local, os documentos do WikiLeaks mostram que os EUA investigaram um possível apoio financeiro do presidente Hugo Chávez, da Venezuela, ao presidente paraguaio, Fernando Lugo, durante a eleição presidencial paraguaia de 2008.
Além disso, o governo dos EUA pediu à sua embaixada em Assunção que averiguasse a eventual presença de militantes islâmicos na região de Tríplice Fronteira (com Argentina e Brasil).
Quanto a Chávez, principal rival dos EUA na região, os documentos divulgados mostram que as autoridades dos EUA o qualificavam de "louco". Em outro documento, sugere-se que a secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, tinha preocupações com a saúde mental da presidente argentina, Cristina Kirchner.
Nem Cristina, nem Chávez nem nenhum outro líder sul-americano se manifestou publicamente sobre os documentos. Antes da reunião com Ayalde, o chanceler paraguaio, Héctor Lacognata, disse que os relatos, se confirmados, configurariam uma ingerência em assuntos internos do seu país.
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